terça-feira, 19 de junho de 2007

Uma despedida tardia


Soube apenas ontem do falecimento de Sonia Oiticica, morta aos 86 anos, em fevereiro último. Talvez pouca gente hoje em dia saiba, mas Sonia foi uma das maiores atrizes do teatro brasileiro. Era a favorita de nada mais, nada menos, do que Nelson Rodrigues (que se apaixonou por ela e foi rejeitado). Era também filha de um dos mais ilustres gramáticos da língua portuguesa e estudioso do grego que o Brasil já teve, José Oiticica. Outro expoente de sua família, pelo qual ela sempre era lembrada, era seu sobrinho (precocemente falecido), o artista plástico Hélio Oiticica, criador dos famosos ‘parangolés’.

Mulher belíssima, de inteligência e bom humor raros, Sonia também primava por uma peculiaridade, pouco comum no meio artístico: era espiritualista, uma irmã rosacruz. Foi neste meio que a conheci, na década de 90, quando fui seu aluno, freqüentando, com minha então esposa, seu apartamento na rua da Consolação, em São Paulo. Estudávamos textos e realizávamos práticas de meditação e oração rosacruzes.

Sonia primava pela erudição, pelo estudo, pelo amor a tudo o que era elevado: a boa música, as artes, a gentileza. Era vegetariana (como em geral o são os rosacruzes), não bebia, não fumava, era mãe zelosa. Amava tudo o que era manifestação da beleza divina. Com minha mudança para outro Estado, nos distanciamos, até o ano passado, quando a visitei no mesmo apartamento. Estava arqueada, com a voz fraca, e se afastara de vez dos palcos. Fora acometida pelo mal de Parkinson, que chamava de “sua companheira”. Conversamos bastante; mantinha a mesma lucidez e bom humor. Mostrou-me fotos de seu amado pai –a quem se referia como se estivesse diante dele-, contou-me dos saraus de poesia que organizava em sua casa, às sextas-feiras. Num dado momento de nosso encontro, me lembrei de uma música que cantávamos naquelas inesquecíveis tardes dos anos 90. Uma das estrofes dizia assim:

Nós todos somos um
O Pai está no Um
O Pai está em nós
Nós todos somos Um
Um Um Um

A melodia era linda e, ao entoá-la, sentia-se o próprio interior se ampliando, como se o espírito não coubesse dentro do corpo e se fundisse com as outras pessoas que a cantavam. O pequeno ‘eu’ mergulhava no ‘nós’ que, em êxtase, ressurgia como o Um. Assim era Sonia Oiticica, atriz e mestre de ensinamentos divinos.

Me despeço um pouco tardiamente, Sonia. Mas apenas de sua presença física. Pois, como sabemos que o tempo não existe no plano em que agora você se encontra, posso lhe dizer, serenamente emocionado: Até breve.

Sonia Oiticica

(1921 – 2007)

Uma participação na TV

Clique na imagem abaixo, da novela: Gabriela (1975)












Biografia artística

Teatro

Primeira atriz brasileira a interpretar a personagem Julieta, de “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare
Primeira atriz a interpretar as personagens Zulmira e Moema, de Nelson Rodrigues

Peças

1941 - Feia, de Paulo de Magalhães
1947 - Já É Manhã no Mar, de Maria Jacintha
1948 - Week-end, de Noel Coward
1952 - Jezebel, de Jean Anouilh
1954 - A Falecida, de Nelson Rodrigues, com Sergio Cardoso
A Raposa e As Uvas, de Guilherme Figueiredo.
Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues, com direção de Bibi Ferreira
1957 - Perdoa-me por me Traíres, de Nelson Rodrigues
1968 - Os Últimos, de Máximo Gorki
1974 - O Anti-Nelson Rodrigues, de Nelson Rodrigues
1975 - Gota d'Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes
1983 - Romeu e Julieta, de William Shakespeare

Telenovelas

1966 - As Minas de Prata - Luiza de Paiva (TV Excelsior)
1966 - Redenção (TV Excelsior)
1968 - As Professorinhas - Leonor (Rede Record)
1968 - Legião dos esquecidos - Maria (TV Excelsior)
1973 - Cavalo de aço - Catarina
1975 - Gabriela - Idalina Bastos
1976 - Duas vidas
1977 - Nina - Angèlica
1979 - Gaivotas - Elisa (TV Tupi)
1980 - Dulcinéa Vai à Guerra - Lucrécia (Rede Bandeirantes)
1981 - Os adolescentes - Conceição (Rede Bandeirantes)
1982 - Campeão - Sônia (Rede Bandeirantes)
1982 - Ninho da Serpente - Júlia (Rede Bandeirantes)
1985 - Jogo do amor (SBT)

Cinema

1940 - Pureza, de Chianca de Garcia
1970 - A Moreninha, de Glauco Laurelli
1971 - Uma verdadeira história de amor, de Fauzi Mansur
1977 - O desconhecido, de Ruy Santos
1979 - Os noivos, de Afrânio Vital
1979 - O caso Cláudia, de Miguel Borges
1979 - Killer fish, de Anthony M. Dawson
1981 - Bonitinha, mas ordinária, de Braz Chediak
1982 - Dora Doralina, de Perry Salles

Leitura recomendada

“Sônia Oiticica: uma Atriz Rodrigueana”, Maria Thereza Vargas, editora Imprensa Oficial

Site

Fraternidade Rosacruz Antiga - FRA

28 comentários:

Anônimo disse...

Bonita homenagem Jakob, confesso que não conhecia esta atriz, quando passaram essas novelas eu não me interessava muito, mas lembro-me dessa cena do julgamento do coronel, com a Heloisa Mafalda aplaudindo, talvez por conta de um reprise passado depois.

Só hoje ouvi, mas que bela música a do Almir Sater, letra e melodia perfeitas.

Abração

Anônimo disse...

Rogério,

nunca assisti novela, nem quando criança (o era no tempo de Gabriela). Conheci Sonia nos anos 90, em função de minha ligação com a Rosacruz. Grande ser humano que partiu. Grande atriz. Ela estava em atividade até pouco tempo atrás, quando o mal de Parkinson a afastou dos palcos.

A postura dela ajudou a quebrar uma visão estereotipada que eu tinha sobre artistas em geral (e que até grandes escritores/dramaturgos/encenadores,como Albert Camus, tinham): que em geral são alienados e incapazes de serem discretos ou fiéis a si mesmos. Sonia era.

Que Deus a tenha!

Abraços fraternos

Anônimo disse...

Complemento ao comentário anterior: Sonia era muito fiel a si mesma e o oposto de uma artista alienada. Ela era extremamente culta e refinada. Não à toa, Nelson Rodrigues se apaixonou por ela -que era casada e extremamente fiel. O maior dramaturgo brasileiro ficou a ver navios...

Aliás, como seu pai -José Oiticica (um dos maiores expoentes do anarquismo no Brasil)-, escrevia maravilhosamente bem, com grande correção e conhecimento da língua portuguesa.

Unknown disse...

Eu tbm não conhecia a atriz,mas fiquei contente em saber de sua bela história!
Bom dia e abraços a todos!

p.s: Hj é final da Libertadores!!!

Anônimo disse...

Jakob,


Realmente se levarmos em conta as "celebridades instantâneas" com que os "reality shows" nos brindam hoje em dia, essa alienação parece ser bem verdade.

Eu não conheço o trabalho dessa atriz, já que nem mesmo havia nascido na época da maioria das novelas citadas e também não me interesso muito por esse tipo de atração. Mas, de acordo com o que você postou, parecia ser uma pessoa lúcida e extremamente consciente de suas ações.

Sei que talvez não tenha muito a ver com o assunto do post, mas essa questão de atores mais antigos serem pessoas engajadas e críticas em relação aos atuais talvez tenha paralelos no mundo esportivo.

Enquanto observamos jogadores de futebol como Sócrates e Tostão que, apesar tantas glórias no esporte, não deixaram de lado a questão educacional (ambos se formaram em Medicina), nos dias atuais (e para quem acompanha competições esportivas) ficam mais do que patentes os absurdos falados e praticados por celebridades desta área (sobretudo entre jogadores da Seleção Brasileira, que são tomados ainda como exemplo por muitas crianças).

É triste então notar que, aqueles que devido a seu sucesso seriam referência, apenas acabam por contribuir negativamente na formação de crianças e jovens.

Anônimo disse...

Jakob

Eu confesso que já fui o maior noveleiro, saia correndo do trabalho para não perder o vale a pena ver de novo, hoje não sei nem o nome das novelas, não por que as acho ruim, novela é uma das idiossincrasias da nossa cultura e há realmente grandes nomes e momentos, os atores brasileiros de novelas, batem de longe muitos atores de enlatados americanos, só não vejo mais por que considero perda de tempo, prefiro fazer uns mantras em minha guitarra.

Jakob pelo que escreve percebo que tem um conhecimento grande em relação à religiões, inclusive em sua prática, já ouviu falar do Pró Vida?, Lembro-me de uns colantes em carros de SP que diziam, Quando estiveres preparado, uma força maior o levará ao pro vida.

Abração

Anônimo disse...

Renato,

ótimos comentários.

Pode-se traçar um paralelo com os artistas (sejam os do palco ou os da bola) atuais com os chamados novos-ricos. Têm dinheiro, mas não têm cultura ou um espirito que sequer lembre as glórias dos meios a que servem. Lamento, mas esta é a verdade.

Hoje, tudo é apenas dinheiro e imagem. A mediocridade tomou conta. Gente como Bruna Surfistinha e Paris Hilton se tornam celebridades em segundos, em nome do nada. Quem perde com isso são as novas gerações, a cultura e a própria arte.

Recentemente, uma matéria na Veja mostrou como este tipo de gente é cada vez mais atraente para os jovens. Ou seja: é o vazio atraindo o vazio. O que virá depois, uma vez que a tendência é as gerações irem piorando...?

Um dos exemplos negativos mais explícitos, ao meu ver, é o do (graças a Deus em decadência) ridículo Ronaldo 'Fofômeno' (agora, minha homenagem ao humorista Bussunda, hahaha). Que exemplo um camarada destes pode ser para um jovem? De como viver nas 'baladas'? De como trocar de mulheres como se troca de roupa? De que o objetivo na vida de um homem é ter uma ferrari de 500 mil dólares?

Claro que alguns vão argumentar que o cara é jogador de futebol. Só que hoje ele não é 'apenas' jogador de futebol: é exemplo, é modelo (como outro palhaço da área, David Beckham) etc. etc. De que vale estudar, então? Para que ler? Para que chegar a Sonia Oiticica, se se pode chegar ao estrelato sendo Bruna Surfistinha ou alguma nulidade a la BBB?

Graças a Deus, Renato e amigos, a cultura nunca morrerá. Talvez se torne -por um curto espaço de tempo- algo como uma seita esotérica ou mesmo um culto parecido com o daquele filme maravilhoso de Truffaut, "Farenheit 451", em que ler era considerado um crime e os que tinham livros eram perseguidos pela polícia do regime. Para evitar que a cultura sumisse com a destruição dos livros, seus defensores os decoravam e recitavam, passando para a frente o conhecimento memorizado.

Rogério,

já ouvi falar da Pró-vida, mas não a conheço pessoalmente. Só de relatos de terceiros. Me parece que segue mais a linha da mentalização, à semelhança do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, uma das mais belas e sinceras escolas de autoconhecimento que existe.

Gostaria apenas de frisar que existe uma diferença expressiva entre as religiões formais (exotéricas) e as escolas iniciáticas esotéricas (como a Rosacruz, sufismo e tantas outras). Nas escolas de conhecimento, se enfatiza a entrega pessoal do indivíduo a um Plano Superior; sua determinação em eliminar seus defeitos (ou seja, vencer aquilo que a impede de avançar e ver a si mesmo como se é); o processo de transformação permanente. É, portanto, muito diferente de uma religião convencional, onde muitas vezes a pessoa vai para cumprir uma regra ou rito social.

Também, numa verdadeira escola esotérica/iniciática, ninguém busca "poderes ocultos" ou se mostrar mais do que ninguém. Ao contrário. Á medida em que evolui, o estudante sabe que o conhecimento não tem fim; que é apenas um eterno aprendiz e que servir a Deus e à humanidade é o que há de mais nobre.

Posso dizer sem medo de errar, Rogério, que este procedimento é regra em escolas iniciáticas cristãs, islâmicas, teosóficas, indianas e rosacruzes (das quais tenho alguma experiência).

O termo 'super-homem', por exemplo, que alguns acham que foi criado por Nietzsche e outros pelos criadores do desenho americano, já era usado há séculos pelos rosacruzes e significa alguém que vai além de si mesmo.

Abraço fraterno a todos!

Anônimo disse...

Jakob

Não sabia desta diferença, muito interessante, mas a propósito de Nietzsche e seu super-homem, apesar de só ter lido, o humano demasiado humano, por sinopses pude perceber que é algo parecido com isso, o cara que se supera, vai além, inclusive da moral, quebrando-a ( imagino que para para substitui-la por uma ética absoluta), temos este conceito, também, de certa forma, nos livros do Castaneda, Don Juan e Genaro, os índios sábios,falavam ao se discípulo sobre como ser o guerreiro, que precisa, como os pássaros, voar alto e sozinho, e da humildade do guerreiro, que não pode ser confundida com a humildade do mendigo. O guerreiro em sua genuína humildade, não abaixa a cabeça para os mais fortes e nem a levanta para os mais fracos, aqui também encontramos presente a lógica do desenvolvimento das potencialidades ( ops, postagem anterior ), lembro-me de um trecho que falava de um feixe brilhante que saía da região do umbigo e que quanto mais forte o guerreiro, mais brilhante e poderoso era esse feixe.
Mas não sei até que ponto isso pode ser verdade, como antropólogo Castaneda foi acusado de charlatão, mas nunca se sabe o outro lado da história.

Mas falava de Nietzsche, outro dia citei uma frase do pensador, no outro blog, a respeito de uma situação, a frase que dizia aproximadamente para que nos acautelemos com quem lidamos para que não nos tornemos monstros, pois se olhamos para dentro do abismo o abismo olha para dentro de você, é uma frase pesada, mas que contém uma verdade,( rebateram esta frase afirmando que o autor desta frase era o preferido de Hitler), que pode encerrar uma verdade oposta, se olhamos para o por do sol, para o mar, para as flores e etc estes também olharão para você.

Abração

Anônimo disse...

Melhorando, a frase de Nietzsche dizia. Você que lida com monstros, acautele-se para não tornar-se um também...

regina disse...

Jakob,
Eu não conheci a atriz, mas o nome Oiticica eu já havia escutado, novelas nunca foram meu prato preferido.
Mas as antigas eram melhores, acho.
Nesse post não posso opinar. Um abraço

regina disse...

Jakob,
Eu não conheci a atriz, mas o nome Oiticica eu já havia escutado, novelas nunca foram meu prato preferido.
Mas as antigas eram melhores, acho.
Nesse post não posso opinar. Um abraço

Anônimo disse...

Olá jakob, e amigos...

Também não tenho muito a crescentar a respeito deste post.

Em primeiro lugar que nunca fui noveleiro, sempre fugí, e depois realmente apenas ouví falar deste nome Oiticica, e tomo conhecimento aqui a respeito desta atriz.

Interessante esta colocação do Jakob a respeito da imagem que ele fazia da pessoa como atriz, e depois conhece-la e mudar o julgamento que fazia, partindo da premissa de que todos são iguais.

Sempre mantive distancia de politicos, e principalmente aqueles do poder na época da ditadura.

Tinha verdadeira ojeriza a classe miltar e politica da época.

Um dia conhecí um politico da Arena, militar e deputado trabalhava no ITA, ele fazia aula de yoga com a minha ex-esposa, e assim acabei conhecendo-o, e iniciamos uma amizade.

Alí naquele momento tive que rever todos os meus conceitos pré estabelecidos sobre as pessoas relativas a sua casta e profissão, pois este era um politico espiritualizado, ético, praticava meditação, etc.


Depois conhecí alguns atores de Hollywood, que são muito espiritualizados, eu já havia assistido filmes com eles,um deles era um ator do Alien, mutíssimo espiritualizado e amante de Deus.

Ouço falar de algumas pessoas da TV, como jornalistas, atrizes, atores, que são pessoas muito elevadas e dignas.

Conhecí recentemente um ator global muito conhecido e querido, que é uma pessoa maravilhosa.

Sua esposa ex-atriz, vivia em crise depressiva, passou a praticar a meditação e transformou-se completamente, abandonou a carreira, e ainda é casada, o seu marido.
O ator, atravessou com ela toda a sua fase dificil, e disse que jamais a trocaria por outra pessoa. Imaginem como é a vida de artista, vivem trocando de companheira (o).

É bom assistirm umm filme e perceber que a pessoa que está representando, é uma pessoa que não tem nada a ver com o papel, é bem diferente esta experiencia.

Foi bom saber este lado desta grande atriz,e saber que o Jakob a conheceu pessoalmente já em idade avançada.

Abraços a todos.

Anônimo disse...

Novela boa foi Roque Santeiro,eu era moleque mas gostei muito!

Anônimo disse...

Rogério,

mencionei Nietzsche porque, pode-se dizer, foi ele quem popularizou o conceito do 'super-homem', mas não foi seu criador. O 'super-homem' de que falo é um super-ser humano em bondade, caridade e serviço ao semelhante. Nieztsche, que morreu louco, era a contradição em pessoa. Rudolf Steiner -criador da Antroposofia- o conheceu pessoalmente e comenta um pouco sobre as impressões que teve a respeito do filósofo.

O super-homem nietzscheano tem, realmente, um pouco da frieza que caracterizaria os nazistas. Nietzsche atacava, sobretudo, a moral cristã, que chamava de "moral de escravos e dos fracos". Ao mesmo tempo, ele era um grande psicólogo e também atacava à burguesia medíocre de sua época.

Nietzsche, como quase todos os pensadores que fizeram críticas sociais e à psicologia de massas, era um aristocrata. Quem disseminou a idéia de um Nietzsche 'nazista' foi a mulher de Richard Wagner, o que não tem base nenhuma.

Dizer que Nietzsche era leitura de Hitler é, na melhor das hipóteses, ignorância. As pessoas chutam muito, infelizmente.

Quanto ao Castañeda, embora não siga sua filosofia, posso lhe dizer que livros como "Viagem a Ixtlan" trazem grandes ensinamentos. Nenhum charlatão poderia escrever aquilo ali.

Finalmente: conheço este aforismo de Nietzsche. Significa também que, se encararmos o mal que habita em nós, o mal também nos encarará. Mas é uma faca de dois gumes: a pessoa poderá ser devorada pelo mal, mas também poderá superá-lo, ao reconhecê-lo.

Neste sentido, recomendo-lhe a leitura de um dos melhores livros de autoconhecimento (e não de auto-ajuda) que existem: "Não temas o mal", de Eva Pierrakos, pela editora Pensamento.

O livro ensina a reconhecermos o mal que habita em todos nós e a não nos identificarmos com ele. É na negação de que o mal existe em nós ou na identificação inconsciente com ele (ou seja, aceitarmos fazer seu 'jogo sujo'), que todo o mal acontece. É simplesmente maravilhoso, e faz parte do chamado Pathwork.

Um abraço fraterno!

Anônimo disse...

Olá, Regina

Sonia Oiticica fez pouco novelas. Ela foi a maior atriz de peças de Nelson Rodrigues no Brasil. Além disso, quebrando um pouco o paradigma dos artistas em geral, era uma grande espiritualista. Eu a conheci pessoalmente e ontem soube de sua morte, que havia acontecido em fevereiro.

Daí meu post em homenagem a este grande ser humano.

Um abraço fraterno

Anônimo disse...

Petrus,

você acabou de me fazer lembrar do maior exemplo vivo de atriz que abandonou tudo para dedicar-se à vida espiritual: Odete Lara. Grande atriz, tornou-se budista.

Quem aqui já ouviu falar nela?

Anônimo disse...

Senhora dos Afogados foi uma peça de Nelson Rodrigues inspirada em "O luto assenta a Electra", de O'Neill (que era inspirada em "Oréstia",de Ésquilo).

Nenhuma atriz da época queria fazer o papel, pois era difícil de as atrizes aceitarem o papel principal, tendo que falar diálogos pouco convencionais para a época. Na peça, tem uma cena em que a personagem dona Eduarda diz à sua filha Moema: “ Desce e vem chamar tua mãe de prostituta”.

"Senhora dos Afogados" terminaria sendo levada no ano de 1954, no Rio, pela "Companhia Dramática Nacional”, com direção de Bibi Ferreira, com as corajosas Nathalia Timberg E Sônia Oiticica. Ave Nelson Rodrigues, salve Sônia Oiticica!

Anônimo disse...

Grande Mohamad,

Ótimas informações!

Aquele abraço!

Anônimo disse...

Jakob,

uma belo post, muito sensível realmente.

Não conhecia Sônia Oiticica, mas, como a Regina, conhecia o sobrenome -acredito que por causa de seu pai.

Ao conhecer sua história, a visão que eu tinha dos artistas -que é a mesma que a sua- também foi modificada.

Foi uma boa surpresa saber que existiu uma atriz que não era superficial, egocêntrica e "aliena" como vc mesmo escreveu. Pena que isso seja tão raro nos artistas que aí e estão e que, sabe-se lá pq, são considerados celebridades.

Bjs.

Anônimo disse...

Amigas e amigos,

Bom dia a todos.

Dunia,

grato pelas palavras. Infelizmente Sonia Oiticica já não era tão conhecida das novas gerações. Justamente porque sempre se manteve à parte do chamado 'mundo fashion'. Há vários casos semelhantes, como o que mencionei no comentário anterior, de Odete Lara, que foi uma das principais atrizes do cinema brasileiro, contracenando com Norma Bengel, Adolfo Celi e tantos outros. Era a atriz favorita do falecido Walter Hugo Khoury.

Outra coisa que me incomodou foi não ter encontrado uma linha sequer sobre Sonia em jornais da grande imprensa. Absolutamente nada. Se alguma das nulidades que pontuam por aí tivesse morrido, com certeza teríamos necrológios aos montes.

Mas enfim, depois da morte, o que vale mesmo para quem parte são as boas coisas que foram feitas quando se estava neste mundo aqui. E isso Sonia fez muito.

Abraços fraternos

Anônimo disse...

Como o Jakob já comentou, muitas vezes acabamos agindo de maneira preconceituosa e estigmatizando pessoas das mais diversas atividades.

Conferimos a atores uma personalidade fútil e egoísta, vemos muitos advogados como "espertalhões sempre tentando tirar vantagem", profissionais de áreas extremamente técnicas são encarados como "loucos" (por causa da velha imagem do "cientista louco"), e assim por diante.

Embora hoje no showbiz celebridades "vazias" sejam o que mais aparece, além de muitas profissões contarem com pessoas de cujas qualidades questionáveis, nossa opinião acabará por ser mudada quando houver o convívio com alguém de uma determinada atividade que realmente goste do que faz e que não aja como a maioria.

Um bom dia a todos!

Anônimo disse...

Caro Ibrahim,

se puder me esclarece essa dúvida:
pq no brasão da Fraternidade Raosacruz tem uma estrela de David de um lado e uma de 5 pontas do outro?

Grato!

Anônimo disse...

Amigas e amigos,

boa tarde.

Hoje estou supercorrido pois estou em curso. Mas à noite responderei às dúvidas.

Abraços fraternos

Anônimo disse...

Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Até mais.

Anônimo disse...

Olá pessoal, apenas para quebrar o silencio, pois o Jakob, pelo jeito está muito ocupado, vou colocar aqui uma recente descoberta, e se tratando de artistas, ainda estou dentro do tema.

Lembram-se que citei que comprei o DVD do Cat Stevens, na sua tournee pelos EUA, e a interrupção de sua carreira de forma abrupta.

Bem de Yusuf Islam eu nada conhecia de lá para cá tinha sido um tunel escuro em informação a respeito, creio que até para a grande maioria.

Bem, lá no DVD tem uma entrevista com ele, e fala a rspeito de suas mudanças,de como ganhou fama e dinheiro muito rápido, e como isto lhe influenciou o seu lado negativo, mais ego.

Cita e coloca inclusive a cena dele xingando a pessoa que havia mexido no seu microfone, de idiota e estúpido em pleno show.

Bem, resumindo,depois de um ano, de vida desregrada, se viu com tuberculose, e internado em uma casa de repouso, poderia viver ou morrer a partir dalí.

Esta pauisa levou-o a ler o livro do Paul Bruton, "O Caminho Secreto", e a partir daí
sua vida começa a tomar outro rumo.

A sua transformação efetiva, deu-se a partir um novo rumo, sua vida espiritual havia dado o start definitivo.

Praticava algum tipo de meditação de vez em quando, desde então.

Um certo dia estava na praia, e se afastou demais atrás de algo que flutuava, e dái percebeu que eram apenas algas.

Percebeu que estava longe demais e não conseguiria voltar. Não havia ninguem por perto que poderia ajuda-lo nesta situação, nem o empresario amigo, nem aos amigos da banda, nem os fãs que o amavam,, enfim só havia um a quem recorrer; Deus.

Orou a Deus que se ele salvasse a sua vida, viveria para servi-Lo.

De repente apareceu uma enorme onda que o pegou e o empurrou até a praia. Logo depois ganhou um exemplar do Corão, com o qual se indentificou.

Em Jerusalem entrou pela primeira vez em uma mesquita, e sentiu a paz do lugar, fato que muito o influenciou.

Daí então nasceu Yussuf Islam.

Casou-se com uma filha de muçulmanos que conheceu, é pai um filho, que provavelmante é aquela criança que aparece do video dos nomes de Allah.

A entrevista é na Inglaterra, o que dá a entender que não foi morar no Irã, falou dos inúmeros boatos que foram criados a partir do seu silencio e afastamento do mundo.

Bem amigos, thats all.

Anônimo disse...

Petrus,

Há uns 2 anos atrás passou uma entrevista acho que na Globo em que Yusuf Islam / Cat Stevens comentava sobre sua carreira e sua conversão.

Foi bastante interessante ele contar toda a sua trajetória e toda a transformação pela qual passou após um período extremamente turbulento de sua vida.

E em nenhum momento, ao contrário do que julga a "toda-poderosa" CIA, mostrou ser uma pessoa que fomenta o terrorismo ou o choque entre culturas (a desculpa que os americanos utilizam hoje ao invés do "combate ao comunismo").

Anônimo disse...

Olá renato, eu acredito que a questão do Yussuf, foimesmo a sua infeliz declaração na época da invasão da embaixada americana e o sequestro dos cidadãos americanos. Isto criou uma antipatia pelo antigo ídolo. O governo fechou as portas.

Pessoalmente acho que se ele tivesse ficado de boca fechada teria sido muito melhor.Creio que ele mesmo já chegou a esta conclusão, que sua aitutde poi impulsiva e desnecessária,e teve um preço alto para ele.

Mas afinal quem precisa entrar nos EUA ? Que viva sua vida e fim.Quem sabe no futuro as coisas se ajeitem, neste mundo relativo tudo é possivel

Eu quando vou aos EUA, não vou em busca de nenhuma meca do consumismo, vou direto para um centro espiritual, saio pouco, passo o tempo todo lá bebendo da luz que emana da sabedoria dos mestres.

Para mim, entro e saio, e se nao fosse pela segurança nestes tempos de terrorismo, eu nem me daria conta de estar lá.

Afinal, lá e aqui para mim é a mesma coisa,o externo é apenas uma face da moeda. Neste mundo apenas mudamos de endereço, a confusão é a mesma em todo lugar.

Nesta mesma entrevista,e creio que seja a mesma a qual vc se refere e que está do DVD, ele explica que só cresceu e se desenvolveu como idolo pop, a partir da sua ida para os EUA.

Então EUA, siginfica para ele tambem,milhões de dólares a mais,e ele faz referencia a isso em sua entrevista. ou seja não imaginem que ele só porque virou muçulmano, e não monge como até eu acreditava, que renucnciou a ganhar milhões, até por que ele constroí escolas com parte deste dinheiro, segundo ele.

Para mim foi legal saber estas coisas, até porque caiu mais um mito, o de que ele era um mnonge renunciante.

Isto não muda absolutamenter nada em meu conceito sobre ele, é uma pessoa esclarecida, ótimo músico,e equilibra a vida espiritual e a material, como se refere na entrevista.

A musica Budha de chocolate, nasceu quando ele estava em lugar, percebeu que estava comendo um chocolate,e tinha na outra mão uma estatua de um Budha, então ele percebeu a razão de se ter um equilibrio na vida.

O muito sem Deus é nada, o pouco com Deus é muito.

Abraço...

João Bourbonnais disse...

INDICADO AO PRÊMIO CONTIGO DE MELHOR ESPETÁCULO MUSICAL NACIONAL.

ÚLTIMOS DIAS NO TEATRO ARTHUR AZEVEDO!



O Núcleo Experimental da Cooperativa Paulista de Teatro apresenta o espetáculo musical SENHORA DOS AFOGADOS, de Nelson Rodrigues. Em sua quinta temporada, o espetáculo dirigido por Zé Henrique de Paula e realizado pela produtora Firma de Teatro ficará em cartaz até o dia 25 de setembro/2008 no Teatro Arthur Azevedo, no bairro da Mooca em São Paulo. Contamos com a sua presença!



TEATRO ARTHUR AZEVEDO
(Av. Paes de Barros, nº 955 - Mooca)
Informações: 11 2605 8007
Entrada: R$ 15,00 (inteira) / R$ 7,50 (meia)
De 06/08/08 à 25/09/08
Somente as quartas e quintas às 21h00.




'...revelar o impulso que move cada um dos personagens e as conseqüências desse comportamento - se faz presente com bastante êxito na montagem e contribui para a empatia do público e para a compreensão dessa peça que não está entre as mais fáceis do autor. O resultado é uma linha de interpretação que não é nem 'natural', nem caricata, construída no difícil equilíbrio entre contenção e densidade. Seca, sem tons melodramáticos, com marcações precisas e não cotidianas, a encenação lança seu foco no patamar trágico, o mais relevante nas ditas peças míticas de Nelson Rodrigues.'

Beth Néspoli - Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO.


'Também responsável pelo surpreendente Mojo, o diretor Zé Henrique de Paula reafirma seu talento ao transformar a tragédia escrita em 1947 em um musical. A história está intacta e traz a
densidade característica do universo do dramaturgo.' '... o bom elenco garante a tensão dramática.'

Dirceu Alves Jr. - REVISTA VEJA SÃO PAULO.




SENHORA DOS AFOGADOS de Nelson Rodrigues

Com

Einat Falbel - D. EDUARDA
João Bourbonnais - MISAEL
Lourdes Gigliotti - AVÓ
Marcela Piccin - MOEMA
Marcelo Góes - NOIVO
Thiago Carreira - PAULO
Alexandre Meirelles - SABIÁ
Elber Marques - VENDEDOR DE PENTES

VIZINHOS
Diana Troper
Fábio Redkowicz
Paulo Bueno
Thiago Ledier

MULHERES DO CAIS
Bárbara Bonnie
Bibi Piragibe
Carol Fioratti
Cláudia Miranda
Ci Teixeira
Karin Ogazon
Kelly Klein
Maíra Gomes
Patrícia Vieira

DIREÇÃO - Zé Henrique de Paula
DIREÇÃO MUSICAL - Fernanda Maia

(Piano - Fernanda Maia / Violoncelo - Kalyne Valente)
ASSIST DE DIREÇÃO - Fabrício Pietro
PREPARAÇÃO DE ATORES - Inês Aranha
ILUMINAÇÃO – Fran Barros
OPERAÇÃO DE LUZ – Karina Camillo
FOTOS – Guto Marques e Roberto Mourão
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO – Cláudia Miranda
FIGURINOS - Zé Henrique de Paula
REALIZAÇÃO – Firma de Teatro



veja vídeo da peça em:
http://www.youtube.com/watch?v=capEf439dio

saiba mais visitando:
http://bocadecenacomunicacao.com.br/senhora/index.html

http://joaobourbonnais.blig.ig.com.br/