sexta-feira, 1 de junho de 2007

Torturadores no Chile rompem silêncio




Após a morte de um dos mais sanguinários ditadores da América Latina, Augusto Pinochet, torturadores ligados ao seu regime (1973-1990), no Chile, começam a aparecer e depor nos tribunais daquele país, dando indicações sobre lugares de extermínio e fornecendo informações sobre seu “trabalho”.

Com o fim do chamado “pacto do silêncio” –cuja proposta era ‘esquecer’ casos de tortura e desaparecimento no Chile, em troca da democracia naquele país-, mais de 80 algozes foram presos ou se ofereceram para depôr sobre como agiam durante o governo Pinochet.

Uma das revelações mais importantes foi a de que o próprio general Pinochet freqüentava os locais de tortura, participando dos interrogatórios dos prisioneiros, para encará-los e ameaçá-los. A história foi contada por Ricardo Laurence, coronel dos “carabineros”, que deu detalhes sobre os ‘diálogos’ travados entre o ditador e dirigentes comunistas encarcerados, como Víctor Díaz e Mario Zamorano. Num deles, Pinochet teria dito para que “parassem de opor-se ao seu governo”. Díaz, que então já contava oito meses de torturas, respondeu que “tentar acabar com o PC (Partido Comunista) era como querer secar o mar com um balde”. O ex-verdugo Ricardo Laurence disse ao tribunal que jamais se esqueceu deste encontro e da resposta inesperada do prisioneiro.

Também descobriu-se que havia equipes inteiras de torturadores, com suporte e metodologia para evitar que os corpos dos opositores fossem reconhecidos. Nada era improvisado. Depois de mortos, as impressões digitais e os rostos eram queimados. Na seqüência, os dentes eram extraídos e eram enterrados ou jogados ao mar. E quando a volta à democracia se tornou inevitável, a então agonizante ditadura providenciou para que os corpos de seus inimigos fossem exumados e dinamitados, para não restasse nada que permitisse identificação.

Segundo Eduardo Contreras, advogado e jurista ligado aos grupos de direitos humanos chilenos, a morte de Pinochet retirou a sombra que amedrontava os antigos torturadores e os impedia de pronunciar-se sobre os ‘anos de chumbo’. No entanto, há menos de uma semana, o suposto suicídio de Carlos Marcos, um dos antigos torturadores, levou o Chile a questionar até que ponto os antigos repressores continuarão colaborando com a verdade. “Talvez ele tenha sido induzido ao suicídio”, observa Contreras, lembrando que Marcos era um dos que mais informações tinha sobre as operações do regime Pinochet.

O governo de Salvador Allende, primeira experiência mundial de socialismo eleito pelo voto até então, foi derrubado em 1973 pelos militares chilenos com apoio e participação ativa dos EUA, através da CIA. Morria o sonho de um socialismo democrático, levando junto a vida de grandes nomes da cultura e do humanismo, como o poeta e Prêmio Nobel de Literatura, Pablo Neruda (morreu de tristeza, poucos dias depois do golpe), e o grande cantor Victor Jara, que, antes de ser fuzilado no Estádio Nacional do Chile, teve suas mãos decepadas.


Videos relacionados

Pablo Neruda - Isla Negra
Victor Jara - El cigarrito

44 comentários:

Anônimo disse...

Amigos,

esta é uma belíssima canção de Victor Jara.

Vale a pena escutar:
http://www.youtube.com/watch?v=q3A8EysX4gI&mode=related&search=

Anônimo disse...

A questão é a seguinte: Deve-se condenar um militar que,em tempos de ditadura,cumpria ordens?Se sim,o condenado pode alegar que estava cumprindo ordens superiories e todos nós sabemos que no regime militar,as ordens devem ser seguidas à risca,senão o militar que a desrespeita pode acabar sendo o torturado em vez de torturador.
Vejam,não estou defendendo os torturadores,longe disso,mas acho que um sujeito que agiu de certa forma,obedecendo o regime vigente em um país,não deve ser julgado por outro regime e/ou por outro estado,pois,no instante dos fatos,ele estava na legalidade sob a tutela do seu estado,por isso,esses tipos de casos não deveriam ser desenterrados.
Grato.

Anônimo disse...

Olá, Walid

entendo seu ponto de vista, mas particularmente não concordo com ele. Um torturador é alguém à margem de qualquer regime. Os regimes de exceção -durante sua existência- jamais admitiram que praticavam torturas. Isso sempre era imputado como calúnia da oposição. Portanto, um torturador não é como um militar cumprindo ordens. E mesmo assim, sempre é possível recusar-se a um serviço sujo.

No caso dos torturadores no Chile, eles foram selecionados dentre os adeptos de primeira hora da ditadura pinochetista. Portanto, não eram apenas "empregados" do regime, mas gente que apoiava uma das mais ferozes ditaduras que o mundo já conheceu. Não por acaso, o ídolo de Pinochet era outro famigerado ditador, responsável pela morte de mais de 1 milhão de seres humanos: Francisco Franco.

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Olá Ibrahim,

vc disse: "sempre é possível recusar-se a um serviço sujo."
Não é bem assim,principalmente em tempos de ditadura.

aquele abraço!

Anônimo disse...

Walid,

aí vai da consciência de cada um. Eu preferiria mil vezes morrer a ser um torturador ou, por exemplo, ser aquele militar que despejou as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.

Estes torturadores, Walid, eram adeptos de primeira hora do regime. Há aqui uma grande diferença.

O Chile e a Argentina foram palco das mais ferozes ditaduras da América Latina -ambas apoiadas pelos EUA. Imagine como ainda se sente uma mãe que perdeu seu filho para estes ditadores. Ela quer Justiça e que o nome de seus filhos seja reabilitado. Ela sabe que a morte de um torturador não resolverá nada. Mas saber que, publicamente, a verdade ficará às claras é algo que ajuda a serenar uma alma, querido amigo. E como!

Abraço fraterno!

Anônimo disse...

Ibrahim,entendo perfeitamente o que vc diz,mas lembre-se que nem todos tem sua consciencia,a maioria,ainda mais militares,pensa que se a ordem veio de cima é pra ser cumprida. Diciplina militar,caro Jakob,é praticamente uma lavagem cerebral e as óticas de "bem" ou "mal" são embaralhadas.
Claro que para os familiares dos torturados,o levante de certas informações acaba sendo como um alívio..isso não dá pra questionar.
Grato.

Anônimo disse...

Walid,

concordo sobre a disciplina militar. Mas grande parte dos torturadores não era militar; eram admiradores de Pinochet. Agora, é evidente que tudo se passou nas masmorras pinochetistas.

É tudo muito complexo, meu caro. De toda forma, o importante é que isso está vindo à tona e que a América Latina está livre deste assassino.

Abraços fraternos

Anônimo disse...

Prá mim este tal de Carlos marcos, nãose sucidou, foi suicidado, para manter as coisas ocultas.

Como fica mais dificil conseguir plutonio, como no caso russo, então suicidaram o cara.

Tem muita gente de grosso calibre envolvida nisso.

Anônimo disse...

Bem, ao menos o Chile está tentando reaver seu passado sombrio. E mesmo a Argentina, após uma série de ações do governo Kirchner contra militares envolvidos com a tortura. Já o Brasil assiste a lobbies e sabotagens de grupos das Forças Armadas empenhados em abafar uma série de coisas que poderiam vir à tona, inclusive com a queima de documentos em bases militares e pressões para que nem todos os documentos sigilosos sejam revelados.

Sobre o culto a Pinochet, ainda por um bom tempo haverá exaltados admiradores defendendo suas "realizações". Tecnocratas da área econômica procuram sempre amenizar o papel de Pinochet, elogiando seu neo-liberalismo desenfreado como modelo a ser seguido. Claro que para parentes e amigos das vítimas indicadores econômicos não sirvam em nada para diminuir a dor ou cicatrizar as feridas ainda abertas.

Além de admirador de Franco (como já citaram), Pinochet foi um amigo próximo da "Dama de Ferro" Margaret Thachter e inclusive auxiliou a Grã-Bretanha com informações sobre a Argentina durante a Guerra das Malvinas.

Anônimo disse...

Petrus,

esta é a idéia provável: que o ex-algoz tenha sido 'suicidado'.

Renato,

bem lembrado. A velha 'dama de ferro' disse ter ficado "muito triste" com o passamento de seu 'amigo' chileno. Pelo menos destes dois a humanidade já está livre. Ainda faltam muitos -como o assassino coreano, o caubói ianque e o facínora que comanda a Halliburton-, mas dois a menos é melhor do que nada.

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Recentemente li uma reportagem interessante sobre os brasileiros que viviam no Chile na época em que Allende ainda estava no poder, além do que aconteceu com muitos logo após o golpe. Segue o link para quem tiver interesse:

http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_esquerda_brasileira_vai_ao_chile.html

Anônimo disse...

Parece que copiei errado o link. Segue novamente:

www2.uol.com.br/historiaviva/
reportagens/a_esquerda_brasileira_vai_ao_chile.html

Anônimo disse...

COM IMPUNIDADE NÃO HÁ JUSTIÇA!

A ARGENTINA JULGA E METE PRESOS OS REPRESSORES MILITARES, DANDO UM EXEMPLO DE JUSTIÇA AO MUNDO.

OS ASSASSINOS DE 30 MIL CIDADÃOS ARGENTINOS QUE FORAM SEQUESTRADOS ÀS MARGENS DAS LEIS POR UM ESTADO GENOCIDA APOIADO POR WASHINGTON, FINALMENTE TERÃO SEU CASTIGO.

O CASTIGO SERÁ DETERMINADO PELA JUSTIÇA, A MESMA JUSTIÇA QUE FOI NEGADA ÀS VÍTIMAS DA DITADURA MILITAR.

A ARGENTINA É O ÚNICO PAÍS QUE METEU PRESOS OS GENERAIS-DITADORES QUE INSTAURARAM O TERRORISMO DE ESTADO NA DÉCADA DE 70.

Con el voto favorable de siete de sus nueve miembros, la Corte Suprema de Justicia declaró la inconstitucionalidad de las normas conocidas como “Punto Final” y “Obediencia Debida”, algo reclamado durante casi tres décadas por las organizaciones de defensa de los derechos humanos.

Las leyes, dictadas en la década de los años 80, libraron de responsabilidad a más de un millar de militares y policías implicados en delitos de lesa humanidad y violaciones de los derechos humanos perpetrados durante la dictadura. La resolución de la CSJ abre la posibilidad de que sean enjuiciados entre 500 y 1.000 represores, de los cuales muy pocos siguen en actividad; la mayoría de los jefes de la última dictadura están ya en prisión por el robo y cambio de identidad de hijos de desaparecidos, un delito que había sido expresamente excluido de las leyes del perdón.

Demasiada grande fue la sangría, demasiado perverso fue el genocidio, demasiado tenaz fue la lucha por la memoria sostenida desde abajo por los familiares de los desaparecidos, los propios torturados, los organismos de derechos humanos, las organizaciones sociales, los partidos de izquierda, la juventud y los trabajadores.

Cada hijo de desaparecido recuperado por sus familiares fue conseguido mediante la investigación independiente. En ninguno de los casos fue el poder judicial el que motorizó las búsquedas.

En el mismo sentido, si hoy algunos genocidas cumplen arrestos en sus lujosos hogares, es porque abogados de los organismos de derechos humanos demostraron que el secuestro de esos niños —que aún hoy siguen sin conocer su identidad— es un delito que se sigue cometiendo, y por lo tanto, no se limita a los crímenes perpetrados durante la dictadura, para los que garantizaron la más completa impunidad.

El Parlamento aprobó las leyes de Punto Final y Obediencia Debida en 1986 y 1987, mientras el Gobierno que presidía Raúl Alfonsín era presionado por rebeliones militares por las citaciones judiciales de miembros de las Fuerzas Armadas.

Una democracia realmente plena y verdadera no se pude construir en base a la impunidad; entonces, todo lo que dejaron las leyes de Obediencia Debida, Punto Final y también el indulto, generaron un espacio tremendo de impunidad y, de ahí en más, gran parte de la injusticia que se vive hoy es producto de esa cuenta que no estaba cerrada, no saldada, que había quedado como una haga, una herida abierta y hasta que no haya realmente castigo a los culpables, la sociedad seguirá sin cerrar sus heridas.

Para finalizar, bien vale recordar el prólogo del libro Nunca Más: “...Las grandes calamidades son siempre aleccionadora, y sin dudas el más terrible drama qué en toda su historia sufrió la Nación durante el período que duró la dictadura militar iniciada en
marzo de 1976, servirá para hacernos comprender que únicamente la democracia es capaz de preservar a un pueblo de semejante horror, que sólo ella puede mantener y salvar los sagrados y esenciales derechos de la criatura humana.

Unicamente así podremos estar seguros de que NUNCA MAS en nuestra patria se repetirán hechos que nos han hecho trágicamente famosos en el mundo civilizado”.
HORTENSIA MAGGI
.Fuente: Diario "La Arena" Secc Opinión- Viernes 17 de junio - 2005

Anônimo disse...

O comentário acima é meu apesar de dizer anônimo. Cliquei em "Publicar comentário" e saiu sem o meu nick.

Anônimo disse...

Jakob,

o vídeo utiliza a bela canção do Victor Jara mas as imagens se referem à política mexicana, não à chilena.

Recomendo também as músicas de Violeta Parra.

Abraços.

Anônimo disse...

Perdemos uma oportunidade grande de ver um governo socialismo democrático, destruido barbaramente pelo velho jogo do poder, num país de cultura evoluida como o Chile, seria um exemplo para os vizinhos.

Concordo com o Jakob nesse aspecto, o torturador sabia que a prática da tortura é ilegal mesmo dentro da guerra, fazia mais por que queria, poderia até haver as excessões, mas o walid coloca um atenuante a ser considerado no militarismo, no militarismo o cara não é treinado, é adestrado, é o termo que utilizam, são treinados para não pensar, reagir à ordem sem pestanejar, comprovando a sabedoria das palavras de Geraldo Vandré, quando disse que há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos de arma na mão, nos quartéis lhes ensinam antigas lições de morrer pela pátria e viver sem razão, é uma verdade universal, a técnica voltada para a mais antiga das práticas a de matar semelhantes.

Realmente julgar os culpadosnão irá curar as dores das mães, mas é imprescíndivel que criminosos sejam julgados e paguem pelo que fizeram, a impunidade é um veneno que intoxica os valores da nossa sociedade, haja vista a nova bandalheira perpetrada na figura do senador Renan Calheiros, enquanto não forem punidos os responsáveis, o crime continuará compensando.

Anônimo disse...

Vidal, Renato, Rogério,

a ditadura brasileira não cometeu 1% dos crimes no Chile e Argentina. A Justiça deve ser feita para que estes monstros sejam execrados até o final dos tempos.

Não há como dourar a pílula com assassinos como Pinochet, Massera, Videla, Hugo Banzer, dentre vários dos que enlutaram nosso belo continente.

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Vidal,

pensei em Violeta Parra também, mas postei o V. Jara em função de sua morte trágica.

Volver a los deciesete...

Abraços!

Anônimo disse...

Jakob,

Victor Jara (e pensar que morreu daquela forma atroz, terrível) foi também o compositor da música? Ela é sensacional, uma mistura da magia andina com o espírito utópico de um Geraldo Vandré. Desperta a nostalgia de uma América Latina muito sonhada, da qual a grande mídia teima em fazer pouco. Meio na linha dessas músicas, assisti, coisa de poucos anos atrás, um filme belíssimo, embora profundamente dramático: "Machuca", de Andrés Wood. Imperdível, tudo a ver com este post.

Outra pedida cinematográfica, não tão boa quanto a anterior, é o brasileiro "Pra Frente, Brasil", recentemente reprisado na madrugada pela Globo. Com alguma romantização (e uma Elizabeth Savalla linda, novinha), a trama enfoca toda essa geena sórdida do universo dos torturadores, o repugnante treinamento pelos gringos canalhas da Escola das Américas, numa rede clandestina de criminosos reacionários que, alimentando-se da conivência das oligarquias, desce em espiral até o coração da mais embrutecida direita. E tudo isso continua bem ali ao lado, na Colômbia de Uribe, dos paramilitares e das FARC.

Quanto ao prazer demente de Pinochet em participar das sessões de tortura, o bravo Hélio Fernandes, da Tribuna da Imprensa, sempre o referiu.

Parabéns pela qualidade do post!

Anônimo disse...

Vidal,

em sua homenagem, querido amigo, eis um video com Volver a los diecisiete, com a própria Violeta Parra.

Abraços!

Anônimo disse...

Esqueci o video com a voz de Violeta Parra:

http://www.youtube.com/watch?v=uXruq6cDyQY

Anônimo disse...

Holofernes,

grato, amigo!

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Walid,

seu raciocínio, pertinente ao peso da disciplina na hierarquia militar, faz sentido, mas acho que o que determinava o recrutamento dos torturadores deveria ser mais a sua inclinação de caráter. Para quê gritar ordens no ouvido de um subalterno hesitante, que não tem a menor convicção ou prazer no que está fazendo (e que, num futuro de arrependimento, pode confessar tudo), se há disponíveis tantas pessoas sádicas, de baixa extração moral, que acorreriam, atraídas como abelhas pelo mel, a esse tipo de "tarefa"?

Assombração sempre sabe para quem aparece, e a tentação do mal também. A cultura dos feitores e capitães-do-mato ainda pulsa, generosa, nas nossas veias, e penso que seja a esse tipo de cumplicidade que os idealizadores dos mecanismos de tortura recorrem para construir suas fortificações de terror.

Essa alegação de que "estava cumprindo ordens" resta mais como um recurso de João-Sem-Braço, depois que a casa cai.

Anônimo disse...

Gracias, Jakob por el hermoso regalo!

Para acompañar la música, te envío la letra.

Te mando saludos en este primer día de junio!

Un abrazo!


Volver a los Diecisiete

Texto y música de Violeta Parra.


Volver a los diecisiete
después de vivir un siglo
es como descifrar signos
sin ser sabio competente.
Volver a ser de repente
tan frágil como un segundo,
volver a sentir profundo
como un niño frente a Dios.
Eso es lo que siento yo
en este instante fecundo.

Mi paso ha retrocedido
cuando el de ustedes avanza,
el arco de las alianzas
ha penetrado en mi nido
con todo su colorido
se ha paseado por mis venas
y hasta la dura cadena
con que nos ata el destino
es como un diamante fino
que alumbra mi alma serena.

Se va enredando, enredando,
como en el muro la hiedra
y va brotando, brotando,
como el musguito en la piedra. Como el musguito en la piedra ay sí, sí, sí.

Lo que puede el sentimiento
no lo ha podido el saber
ni el más claro proceder
ni el más ancho pensamiento,
todo lo cambia al momento
cual mago condescendiente,
nos aleja dulcemente
de rencores y violencias
sólo el amor con su ciencia
nos vuelve tan inocentes.

El amor es torbellino
de pureza original
hasta el feroz animal
susurra su dulce trino,
detiene a los peregrinos,
libera a los prisioneros.
El amor con sus esmeros
al viejo lo vuelve niño
y al malo sólo el cariño
lo vuelve puro y sincero.

Se va enredando, enredando, etc.

De par en par la ventana
se abrió como por encanto
entró el amor con su manto
como una tibia mañana;
al son de su bella diana
hizo brotar el jazmín,
volando cual serafín
al cielo le puso aretes
mis años en diecisiete
los convirtió el querubín.

Se va enredando, enredando, etc.

Anônimo disse...

Jakob,

você não respondeu: sabe se Victor Jara compôs a música por você linkada no primeiro comentário deste post? Ou ele era apenas intérprete?

Obrigado.

Anônimo disse...

Oi Holofernes

boa noite, amigo.

Não sei, não. Sei apenas que Victor Jara foi o maior cantor de esquerda do Chile, junto com Violeta Parra. Sua história é emblemática, bem como seu final. Mas vou ver se consigo uma cancioneiro dele, e posto aqui a informação. Acredito que seja dele, pois é uma típica canção de protesto.

Valeria a pena fazermos uma lista de cantores latino-americanos de protesto. Vejamos (de cabeça):

Argentina - Atahualpa Yupanki
Uruguai - Daniel Viglietti
Cuba - Silvio Rodriguez
Brasil - Chico Buarque de Holanda
Chile - Victor Jara e Violeta Parra

Quem lembrar de outros, acrescente, por favor.

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Vale o Geraldo Vandré?
Tuaregue Alemão sem saber como deixar de ser anonimo...

Anônimo disse...

Talvez Raul Seixas, com "O Dia em que a Terra Parou" e "Viva a Sociedade Alternativa".

Inclusive esta última música foi motivos para que o Maluco Beleza passasse pelos porões do DOPS.

Anônimo disse...

Boa noite, galera!
Prá não sentir desgosto, é melhor não pensar que América Latina poderíamos ter construído se essas ditaduras não tivessem acontecido...
Mas é maravilhoso que elas estejam, mesmo tardiamente, sendo julgadas. É preciso passar a limpo o passado para que ele não se repita.
Sinceramente lamento a morte, de ambos os lados, acontecimentos vividos em perdas de familiares.
Mas para nunca perder o foco, é preciso lembrar que tudo isso, também na Ásia (Vietnam, Laos, etc...), também na África (ex-colonias lusas) foi nossa vivência da tal Guerra Fria.
A briga pelo controle do mundo que iniciou-se com o famigerado acordo de Yalta. Para os estudantes e operários europeus ocidentais, o regalo foi o Wellfare State.
Para os outros, o cabresto sanguinário.
Sinto mesmo que fomos a senzala do planeta, pois o açoite chegava a descaracterizar o corpo do punido.
É, galera, naquela época faltava
Liberdade de Expressão e Cultura !!!

P.S. - Quem postou este texto foi o Jakob Ibrahim, a pedido do Tuaregue Alemão, que o enviou para mim por email, por ter tido dificuldade em postar aqui em nosso blog.

Abraços fraternos a todos e boa noite!

Anônimo disse...

Tentativa nº 318.974.

Anônimo disse...

Grato, Jakob !
Parece que esse velho germânico anda a aprender ...rsrsrsrs

Anônimo disse...

E a mídia brasileira(filial mal acabada da mídia norte-americana)"caiu de pau" no Hugo Chavez por este ter dito que o congresso brasileiro age como se fosse papagaio dos americanos.
O povo brasleiro deveria agradecer a Chavez por este recado,pois,confessemos,ele disse uma verdade.
Além disso,o que está faltando para o cara-de-pau do Calheiros renunciar???
Bom final de semana a todos!!!

Anônimo disse...

Tuaregue,

que bom que está aqui, amigo.

Walid,

Chavez infelizmente não mede as palavras e se perde em sua iconoclastia verbal. Mas não se deve esquecer um 'pequeno' detalhe: foi o Congresso Brasileiro que provocou o presidente-caudilho venezuelano, ao enviar a ele uma moção pelo não-fechamento da RCTV, canal de televisão que pertence mesmo aos golpistas e à direita pró-americana naquele país.

Aqui não está em questão a atitude de Chavez em haver acabado com aquela TV, mas sim em ter sido questionado por isso, por políticos de outro país. Que direito os políticos brasileiros têm de pedir isso? Que moral têm para isso? Por que não fazem moções para George Assassino Bush sair do Iraque?

Ou seja: mais uma vez, vemos claramente o tendenciosismo da imprensa brasileira, que "esquece" sempre de um dos lados da história. Só mostra o que quer.

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Antes que me esqueça: dou grandes risadas com os discursos de Hugo Chávez. Ele de fato é um ótimo animador. Seu discurso na ONU, dizendo "que o diabo esteve aqui", foi realmente hilariante.

Mas como estadista, sua conduta deveria ser outra.

Abraços!

Anônimo disse...

Jakob

muito bonito o som do Victor jara, o cigarrito, a expressão de sua cara é sincera.

A propósito dos músicos que protestaram na época da ditadura militar temos que fazer juz ao grande Ivan Lins, com suas músicas e letras geniais.


Ivan Lins - Somos todos iguais nesta noite
F#7/9+ Bm7/9 Am7/9
Somos todos iguais nesta noite
D7/9 G7+ C7+ F#7/9+
Na frieza de um riso pintado
Gm7/9 C7/13 C#m7/5-
Na certeza de um sonho acabado
F#7/9- Bm7/9 F#7/9+
É o circo de novo
Bm7/9 Am7/9
Nós vivemos debaixo do pano
D7/9 G7+ C7+ F#7/9+
Entre espadas e rodas de fogo
Gm7/9 C7/13 C#m7/5-
Entre luzes e a dança das cores
F#7/9- Bm7/9 B7/5+
Onde estão os atores
Em7/9 A7 D7+ B7/5+
Pede a banda pra tocar um dobrado
Em7/9 A7 D7+ B7/5+
Olha nós outra vez no picadeiro
Em7/9 A7 D7+ B7/5+
Pede a banda pra tocar um dobrado
Em7/9 A7 D7/4 F#7/9+
Vamos dançar mais uma vez
Bm7/9 Am7/9
Somos todos iguais nesta noite
D7/9 G7+ C7+ F#7/9+
Pelo ensaio diário de um drama
Gm7/9 C7/13 C#m7/5-
Pelo medo da chuva e da lama
F#7/9- Bm7/9 F#7/9+
É o circo de novo
Bm7/9 Am7/9
Nós vivemos debaixo do pano
D7/9 G7+ C7+ F#7/9+
Pelo truque malfeito dos magos
Gm7/9 C7/13 C#m7/5-
Pelo chicote dos domadores
F#7/9- Bm7/9 B7/5+
E o rufar dos tambores
Em7/9 A7 D7+ B7/5+
Pede a banda pra tocar um dobrado
Em7/9 A7 D7+ B7/5+
Olha nós outra vez no picadeiro
Em7/9 A7 D7+ B7/5+
Pede a banda pra tocar um dobrado
Em7/9 A7 D7/4 F#7/9+

Anônimo disse...

Jakob,

Muitíssimo bem lembrado. Chavez não teve a iniciativa no episódio, apenas reagiu (em termos nada diplomáticos, é verdade). De certa forma, a velha máxima se repete: quem diz o que quer, ouve o que não quer. E, como você também apontou, a nossa desonesta imprensa centraliza toda a crítica no comportamento de Chavez, como se tivesse sido uma intromissão unilateral na soberania alheia.

"Lulinha Paz e Amor", que é muito vaidoso e ciumento, aproveitou a deixa para dar um puxão de orelha no incômodo colega venezuelano, cujo exemplo não tem peito de seguir, embora seja a expressão de tudo que pregou a vida inteira, antes de chegar ao poder.

Quanto ao nosso Congresso, fez mesmo um papelão ao defender a renovação da concessão de uma emissora golpista ordinária como a RCTV. Tinha mais é que ter enviado uma mensagem de apoio, para ver se a Globo leva um merecido susto. Mas nem por isso foi acertada a generalização feita por Chavez, que não perdeu a oportunidade de arranjar mais sarna para se coçar. Com um pouco mais de equilíbrio, poderia ter formulado resposta à altura, sem dar ao "Lulinha" chance de se ouriçar.

Anônimo disse...

Holofernes,

bons comentários, como sempre. Chávez se perde nas palavras. Provavelmente é mal assessorado, além de ter mesmo vocação para caudilho -ainda está muito longe de ser um ditador, embora seja esta a vontade da mídia, da direita latino-americana e, claro, dos EUA.

Sobre a RCTV, trata-se de um canal a serviço da extrema-direita golpista na Venezuela, desde sempre. Por seu papel francamente manipulatório, a RCTV mereceria, sim, ser fechada ou pelo menos ser suspensa. Assim como a Globo, após o escândalo Proconsult, em 1982, quando -em parceira com o mofino Ibope- manipulou descaradamente os resultados das urnas, tentando mostrar, até o último instante, que Leonel Brizola estava perdendo as eleições. Ora, se este tipo de atitude não é passível de uma ação enérgica, como a suspensão da concessão de uso do canal, o que seria então? Participar da tentativa de assassinato de um presidente da República?

Acho que Chávez não deveria fechar a RCTV. É um erro, que fere a ordem institucional democrática. Acredito que ele deveria tentar fazer o que Allende tentou, no Chile, mas foi impedido pelos fascistas de Pinochet e dos EUA. Um socialismo democrático. Só que Chávez não tem a cultura e a finesse do ex-presidente chileno. E nem o Chile é a Venezuela.

De toda forma, pelo tanto que vem sendo sabotado pela direita não apenas venezuelana, mas de outros países, compreendo a atitude de Hugo Chávez. Ao mesmo tempo, se ele moderasse suas atitudes, faria um bem imenso à Venezuela e à esquerda do mundo todo, que se ressente de um país onde um projeto sócio-político esteja sendo levado adiante, com seriedade.

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Olha pessoal, tudo o que tenho acolocar a respeito de Chaves se resume nisso.

Não concordo em fechar um canla de TV, emsmo que se coinsidere, direita ou esquerda, isto fere o espirito democratico, e em nda acrescenta.

Tomar posse das torres de TV,é algo inapropriado, e temeroso, vide Petrobrás na Bolivia.

Não havia apenas a RCTV na oposição, haviam outyras que se renderam ao Chavez, ou seja, ou não me critica, ou vou endurecer, não anuncio, etc. Aliás existem várias formas de punir excessos dentro das democracia.

Se vale para um lado, então vale para o outro fechar TVs esquerdistas.

Foi no mínimo incoerente, truculento, assim como sempre se apresenta..um Bufão latino americano, que depende de seu pseudo-inimigo, a America para sobreviver.

Não me considerem direita, estarão cometendo um erro de julgamento.

Apenas não me alinho a nenhum lado, quando se refere a romper normas de convivencia, através da violencia.

Não aceito totalitarismo politico de nenhuma espécie.

A RCTV poderia té ser punida, sim, não conheço a fundo a o assunto, mas fechar, isso é muito perigoso.

Se a moda pega!

Anônimo disse...

Petrus,

na verdade, a RCTV não foi fechada. Ela não teve sua concessão renovada. No fim das contas, dá no mesmo, mas o processo é diferente, sim. E muito. Mas no balaio de gatos que é a mídia atual manipulada e manipuladora, tudo se iguala e nivela por baixo.

Outra coisa: se a Venezuela fosse uma ditadura, não haveria manifestações contrárias a Chavez. E as há. Mais: há diversos jornais anti-Chavez dentro da Venezuela. Entre na comunidade Liberdade e Cultura, no Orkut, e veja uma lista completa de jornais e periódicos daquele país, que disponibilizamos para quem quiser notícias daquele país a partir de lá, e não da CNN ou redes do Hemisfério Norte.

Isso, Petrus, faz toda a diferença!

Abraço fraterno!

Anônimo disse...

Jakob,

excelentes ponderações. Assino embaixo!

Anônimo disse...

È amigo Jakob, eu não confio nesta figura, circence demais pro meu gosto.

De tanques de guerra, já chegam os do Brasil na década de sessenta/setenta.

Milicias armadas ?
Já chegam as do aiátolá.

O tempo dirá quem está mais próximo da realidade.



Sou da paz.

Anônimo disse...

Petrus,

não disse que confio em Chavez. Para mim, ele é um caudilho, demagogo e manipulador. Mas não é só isso. Ele está, sim, fazendo benfeitorias na Venezuela e para o povo humilde daquele país. Por que é tão difícil perceber que ele não é bom nem mau, mas um pouco das duas coisas? No entanto, a imprensa vendida aos interesses americanos demoniza e demonizará quem quer que não faça o jogo do sistema. Caso do nosso Lulinha paz e amor, que, de prático, fez muito pouco até agora, dentro do que se esperava que fizesse.

E não falo em estatização, nada disso, pois sou contrário a estas ações. Mas falo em ações sociais de peso, em educação, saúde, saneamento e EMPREGO, e não bolsa-miséria -que não pode ser simplesmente dado, mas sim concedido em troca da iniciativa da pessoa em capacitar-se para ter um emprego ou gerar seu próprio negócio.

O que o governo Lula fez para viabilizar as micro e pequenas empresas, que geram quase 80% dos empregos no país? Depois as pessoas têm inveja dos EUA, onde você abre sua própria empresa em 1 dia; na garagem da sua casa; e consegue empréstimo bancário com juros de 2% AO ANO! Mais: o povo americano tem orgulho de ser empreendedor, de ter seu próprio negócio. Sinceramente, isso sim, para mim, é que é ser de esquerda.

Anônimo disse...

Agora vc falou a voz do povo, como sou pequeno empresario e sei o que sofre quem quer ser empreendedor em um país como o nosso, com um governo de"esquerda,na contra-mão como o nosso", cheio de hipocrisia,demagogia barata, em cima das necessdidades do povo, sei onde dói a falta de educação, saúde, segurança, e condições de crescimento.

Com os politicos que temos, prá começar. Maluf, Clodovil, Genoíno, Renan Calheiros, J.Sarney e filha, agora envolvida também lá na Gautama.

Mas,o fato de Chavez ou Lula,
fazer alguma coisinha pelos pobres da Venezuela, não se justifica, porque quando assim age, qualquer governo, não faz mais que obrigação, que eles esqueceram há muito.

Se eu te conta metade do que passo aqui na empresa lidando com o governo, vc vai me dizer que sou o novo herói brasileiro.

Me fizeram refém,me classificaram a atividade como " crime hediondo".

Calma, não vendo drogas não! Isto é lá nos morros, escondido.

Tenho endereço, cadastro no Min. da Saúde, e vendo alimentros naturais,chás e homeopatia!

E viva Cuba !

É mole?

Vc acha que vou apoiar algo como o Chavez ?

Espero que o tempo me fale...

Eu que já brinquei com oficial Boliviano em pleno estado de sitio, num trem indo prá Santa Cruz de la Sierra,e sái ileso, meu caro, o que já passei de risco nesta terra que eu amo, isto
para trabalhar e dar empregos, é fichinha.

Enfim Deus me fez forte, apesar dos governos, estamos firmes!

E viva la democrácia!

Anônimo disse...

Caro Jacob Ibrahim,

em minha época de faculdade nos fins da nossa ditadura militar, gostava muito de escutar Vitor Jara, principlamente "Te recuerdo Amanda" uma música que traduz essa época negra e esperançosa que nossa America passou.

As ditaduras nos separaram, conhecemos pouco de nossos irmãos latinos e nos voltamos para a Europa e EUA. Agora aos poucos estamos rompendo esse isolamento. e concordo com Tuareg que no ambiente da guerra fria não nos coube escolha, nem alternativas: ou era a ditadura ou era a ditadura.

O resultado é o que se vê: um retrocesso que repercute no econômico. Mas sou esperançoso e percebo que ainda daremos muitos exemplos no mundo de convivência e mesmo de desenvolvimento sustentável.

Agora, mesmo fora do tempo quero ler o livro do Galeano das veias abertas...

abraços a todos.