sexta-feira, 25 de maio de 2007

Uma história sufi*


Jesus e os céticos

Certo dia, Jesus, o filho de Maria, caminhava pelo deserto próximo de Jerusalém com um grupo de pessoas nas quais a cobiça ainda estava muito arraigada.

Rogaram a Jesus que lhes revelasse o Nome Secreto com o qual ele revivia os mortos. E ele respondeu:
-Se lhes disser, abusarão dele.
-Estamos prontos e preparados para receber tal conhecimento. Além do mais, irá reforçar nossa fé- foi a resposta dos que acompanhavam Jesus.
-Não sabem o que estão pedindo - replicou Jesus. Mesmo assim, lhes disse qual era a Palavra.

Pouco depois, aquelas pessoas seguiam por um lugar deserto quando se depararam com um monte de ossos descarnados.
-Testemos a Palavra -disseram uns aos outros. E assim fizeram.

Mal a palavra foi pronunciada, os ossos se recobriram de carne e se transformaram novamente numa voraz besta selvagem que os destroçou.

Os que forem dotados de razão compreenderão. Aqueles que a possuem em dose reduzida, poderão, mesmo assim, instruir-se por meio deste relato.

*Jesus e os céticos

Esta narrativa não é de origem cristã, mas islâmica, religião na qual Jesus -que também é conhecido como Issa- é considerado o Verbo Divino e um profeta (mas não filho de Deus). Foi extraída do "Masnavi", obra máxima do grande poeta e santo Jalaludin Rumi, maior escritor em língua persa de todos os tempos. O objetivo de tais contos, dentro da tradição sufi, é atuar na consciência mais profunda de seus leitores ou ouvintes, servindo para quebrar paradigmas e conduzir ao despertar. Ainda segundo esta mesma tradição, cada narrativa é entendida ou interpretada de acordo com o nível em que a pessoa que a lê ou ouve está.

Sufismo é o misticismo ou esoterismo islâmico. A base de seus ensinamentos está no zikr (lembrança contínua de Deus) e no desapego às coisas do mundo.

Para melhor conhecimento do que é sufismo, pode-se recomendar as seguintes obras -todas em português, com edições atuais:

"Iniciação ao Islã e Sufismo" - de Matheus Soares de Azevedo, editora Nova Era
"Mística Islâmica" - por Matheus Soares de Azevedo, editora Vozes
"Alquimia da Felicidade" - por Al-Gazhalli, editora Sagra

Sites

Em português: www.jerrahi.org.br e www.sufismo.org.br

Em inglês: www.jerrahi.org.br

Videos relacionados

Cerimônia sufi (zikr) Ordem Halveti Jerrahi
Cerimônia sufi na Chechênia

45 comentários:

Anônimo disse...

Amigos,

sou obrigado a recomendar que vocês assistam o video com o Zikr praticado na Chechênia. O velhinho que aparece é imperdível!

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Jakob,

excelente a história, uma concepção próxima das próprias parábolas, e que dá a tônica do misticismo pelo Oriente adentro, a um só tempo, despretensioso e velado.

Essa menção, sempre tão perturbadora (porque provocadora), a "idiotas", "tolos", "adormecidos", reféns de seus medos e desejos imediatos (nesse sentido, explica-se a referida "cobiça", a cupidez da curiosidade), é recorrente no Sufismo.

Meio a propósito do tema, algum dos frequentadores do blog já vivenciou experiências de iluminação (mudança permanente do estado de consciência, tipo "deixar de ser um tolo") ou "satori" (flash, lampejo de iluminação)?

Anônimo disse...

Amigos,

como lancei a questão, creio ser de bom tom ser o primeiro a responder.

Pouco medito e sou um tolo na melhor tradição sufi. Acredito jamais ter vivenciado um satori, pois deve ser dessas coisas que, uma vez experimentada, não dê margem a dúvidas.

Anônimo disse...

Caro Holofernes, vc matou a cobra e mostrou o pau.

Realmente o estado de união, ou extase, pois ele se manifesta também parcialmente, é um estado tão sublime, que as palavras jamais poderão descrever.

Aí então é que poderemos compreender melhor o ditado. "Aquele que diz, não sabe, e aquele que sabe não diz".

Deus é experiencialvel, Santos e místicos já se embriagaram com esta ambrósia divina, basta o homem fazer o esforço para alcançar o silencio interno. Onde cessa todo movimento, aí começa Deus.

Jakob, muito legal este conto sufi, só me explique uma coisa, vc escreveu não o consideram "filho de Deus", ou o "único filho de Deus", como nos quer fazer crer as seitas ditas cristãs.

Abraço a todos

Anônimo disse...

Oi Jakob, ví a cerimonia Sufi, achei lindo !

O velhinho é demais, estava vendo ele qualquer hora dar uma paulada em alguém, com muito entusiasmo! rsss

Valeu

Anônimo disse...

Muito interessante este texto, além de apresentar um tipo de situação que se repetiu muitas vezes na história humana.

Deixando um pouco de lado o especto religioso, um exemplo análogo a isto são as revolucionárias pesquisas na Física no início do século XX, sobretudo os conceitos de relatividade apresentados por Eistein. Infelizmente, algumas décadas depois tudo isto culminaria com a construção das bombas atômica (assim como o aprendizado daqueles que tanto insistiram em conseguir isto de Jesus resultaria em sua morte).

Anônimo disse...

Holofernes,

parabéns pelos comentários. Acho que posso dizer que todo aquele que segue a senda espiritual já vivenciou, em maior ou menor grau, alguma experiência de vislumbre ou de união com o Divino.

Petrus,

No Islã, Jesus é o Verbo Divino e o Messias, mas não filho de Deus. Ou seja: não é aceito como tendo sido gerado por Deus, pois Deus -segundo o Alcorão- "nao gerou nem foi gerado". E Deus também jamais teria "fecundado" uma mulher, como ocorre nos mitos gregos, no caso de Zeus.

Deus cria a partir do nada, e mesmo o nada é Sua criação. Ainda mais: no Islã, Jesus não morreu crucificado, mas apenas partiu (em ascensão) e retornará na Segunda Vinda (que também é narrada no Apocalipse de São João), para derrotar o anti-Cristo.

Há muitas histórias e lendas sobre Jesus no Islã. Oportunamente, retornaremos ao tema.

Renato,

parabéns pelos comentários também. a idéia da história sufi é justamente esta: que cada um, a partir de seus próprios referenciais, descubra a partir dela significados e situações no mundo que o rodeia.

Abraços fraternos a todos!

Anônimo disse...

Petrus,

Os mestres, como Jesus e Buda, sabem e dizem. Acho que é natural o iluminado compartilhar, entregar-se à missão de ensinar aos outros.

E em se tratando de vivências efêmeras, suponho que o intraduzível seja inequívoco, daí a força do testemunho.

Anônimo disse...

Holofernes,

sobre a transmissão do conhecimento, é justamente por isso que existe a diferença de exoterismo e esoterismo. O primeiro é o que é para fora (exo); o outro, o que é interno (eso). Tanto em Buda, como Jesus e Muhamad (Maomé), havia ensinamentos que não eram transmitidos a todos, abertamente, mas apenas a um grupo de pessoas mais dedicadas e devotas, conhecidas como "iniciados". O sufismo surgiu a partir de dois iniciados diretamente pelas mãos do profeta Muhamad (e que depois seriam dois dos quatro primeiros califas do Islã): Abu Bakr (que representa a linha 'silenciosa' do sufismo) e Ali (que é o pai de todas as outras escolas ou tarikas/lojas sufis).

Abraço fraterno

Anônimo disse...

Jakob,

de fato, faz sentido - níveis de comunicação. Como ocorre no caso de um acadêmico, que se dirige de forma mais superficial a pessoas de menor instrução e o faz de modo mais profundo no trato com seus pares.

Anônimo disse...

Holofernes,

exato. O que determina, em geral, que uma pessoa entre neste caminho esotérico ou interno é a sua entrega e adesão ao mesmo, não como um simples 'papagaio', que repete o que ouve, mas como alguém que vivencia os ensinamentos.

Abraço

Anônimo disse...

Holofernes, quando me refiro a falar, é tentar transmitir tal estado extático em palavras, claro que ensinamento se traduz em palvras também, mas juntamente com a prática do silencio da meditação.

O estado de experiencia divina, ou pode -se chamar de iluminação, é indefinivel.

Ensinar a outros a alcançar tal estado, mas não definir o estado.È isto a que me refiro.

Anônimo disse...

Belíssimo post! O sufismo é realmente magnífico e digno de ser estudado a fundo!
O post mostra tbm o que pouca gente sabe ou conhece de forma distorcida: o imenso respeito que o islã tem para com Jesus Cristo.

Abraço a todos!

Anônimo disse...

Gostei muito desse post, visto que o máximo que sabia sobre essa religião era de que Maomé era o profeta, não imaginava que consideravam Jesus também no corpo desta religião, mas por que então as cruzadas?

A parábola é muito interessante, pode mesmo significar como relatou o Renato, um poder para o qual ainda não estamos preparados, ou estamos? E pode ser o poder, elaborado ao longo dos milênios pela humanidade no exercício de sua faculdade diferencial, a inteligência, e este nome poderoso está na mão de poucos, tolos ou não que podem apertar o botão.
Pode ser mesmo que Jesus volte, talvez não fisicamente, possívelmente signifique o renscimento dos ideais pregados por este ser, a impregnação desta filosofia na cultura humana, impossibilitando a ação de qualquer anti cristo ou anti qualquer coisa.

Quando dizem que Cristo vive pode ser que viva no corpo de sua doutrina, ou de qualquer outra doutrina que ilumine os caminhos da humanidade, esta luz está presente em qualquer lugar, e a olhamos mas não conseguimos ainda inteiramente ver.

Anônimo disse...

Walid,

grato pelos comentários. O Islã é uma religião maravilhosa em sua base, tanto é que deu origem ao sufismo. Infelizmente, tem detratores tanto entre seus inimigos como entre alguns de seus adeptos, que a distorcem para defender seus próprios interesses. Breve teremos posts sobre o Islã, para tentar elucidar mais o tema.

Rogério,

grato por seus comentários e excelentes questões também. As Cruzadas foram empreendidas pelo clero, não pelo Islã. Infelizmente, o clero -ou classe (acho que nosso amigo Holofernes diria 'camarilha') dominante dentro das religiões- procura sempre mostrar que apenas seus profetas e santos são os melhores e únicos. Mas um muçulmano aceita e respeita a todos os profetas, seja do cristianismo, judaísmo, mas também budismo e hinduísmo, ou seja, respeita a todas asa religiões com Escrituras Sagradas.

Quanto a Jesus, Ele é mesmo uma presença viva para todos que buscam a Deus através dEle. Mas a Segunda Vinda, de acordo com as escrituras cristãs e islâmicas, não será simbólica, mas física mesmo. Tanto o Islã como muitos seitas esotéricas acreditam que Jesus está vivo e encarnado, mas num plano ao qual o homem comum não tem acesso.

Abraços fraternos!

Anônimo disse...

Quando dizem que Cristo vive pode ser que viva "no corpo de sua doutrina, ou de qualquer outra doutrina que ilumine os caminhos da humanidade, esta luz está presente em qualquer lugar, e a olhamos mas não conseguimos ainda inteiramente ver"

.


Rogeŕio e todos os amigos do blog, vou me despedindo,e terminando com esta frase do Rogério que para mim foi ótima."Quando olhamos e não conseguimos inteiramente ver.

Por isto adoro aquela canção do George Harrison que diz:

Give-me love, give-me
Peace on earth, give-me light
Give-me ligth, give-me....

Apenas fico pensando naquela repressão que existe no Irã, contra os Sufis, penso que o sufismo é alma do Islã, então porque tentar sufocar a sua voz?, afirmando que uma ameaça?

Bom final de semana a todos...

Anônimo disse...

Valeu Jakob, espero ainda aprender muito sobre essa religião, pareçe haver muitos ensinamentos importantes nela.

Abraços e bom fim de semana.

Anônimo disse...

Petrus,

a repressão ao Islã não ocorre só no Irã. Quando a Turquia se tornou um regime secular, todas as tarikas foram fechadas, por ordem de Ataturk, pois o sufismo era considerado subversivo. Na Arábia Saudita, idem. Lá, os dervixes (palavra que em persa significa 'pobre') fazem seu zikr de forma discreta, para não serem perseguidos pela ditadura saudita. Curiosamente, ao contrário do que você mencionou, há diversas tarikas sufis xiitas em pleno funcionamento no Irã. No Egito, também. O escritor Nagib Mahfouz, que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, fala muito do sufismo como algo corriqueiro, no seio da população egípcia. Há uma estatística que diz que, até os anos 70, mais de 50% dos egípcios tinham algum envolvimento com o sufismo.

Voltaremos a falar, oportunamente, sobre o tema.

Um abraço fraterno a todos e um bom final de semana!

P.S. - Teremos novos posts também neste final de semana.

Anônimo disse...

correção: repressão ao sufismo, no início do parágrafo anterior.

Anônimo disse...

Não sou um profundo conhecedor do islamismo, já que venho de uma família cristã. Mas respeito e admiro a cultura islâmica, sobretudo aquela da península Ibérica que em muito contribuiu para o progresso científico do Ocidente.

Mas, como o próprio Rogério mesmo disse que surpreendeu com o respeito que os muçulmanos têm para com Cristo, gostaria de apenas saber, a título de curiosidade, o papel de Maria (mãe de Cristo) e de João Batista dentro da religião islâmica.

Lembro de ter lido em algum lugar que João Batista é também considerado profeta pelos muçulmanos e que Maria inclusive é citada no Alcorão. Procede isto?

regina disse...

Jakob,
Como você sabe sou interessada na religião do Islã, e particularmente sobre o sufismo.
Então como na ´na historia que você colocou no assunto do blog , eu quero agir,e opinar, mas ainda não tenho o conhecimento.
Estou aprendendo comecei por Maomè e os preceitos, mas é um longo caminho, e ainda não devo ressucitar ninguem, posso cometer enganos fatais.
Tenho perguntas que demonstram minha ignorância:
Porque não existem mulheres nas cerimônias recomendadas por você?
Qual era exatamente a função daquele velhinho?
Ele era maluco ou é assim que se organizam as filas?
Não estou criticando, pois nem sei o que é, mas, fiquei muito curiosa, e como sempre conto com seus ensinamentos, e comprarei os livros recomendados.Obrigada pela dica.

regina disse...

ooops ,Ressuscitar( corrigindo no comentário acima)

Anônimo disse...

Jakob
parabéns pelo blog.
Porque o sufismo é reprimido em alguns países muçulmanos?
Abços a todos

Anônimo disse...

Jakob,

como escrevi lá na comunidade, alguns "posts" poderiam ficar como "primeiros da fila" mais de um dia, isto é, em vez de mudar todos os dias de "post" podia ser de dois em dois dias.

Acho que vale a pena para podermos meditar mais.

Hoje, por exemplo, estive na correria e ainda nem pude ver o vídeo que você recomendou.

A coisa frenética que é um jornal, que no dia seguinte já não vale nada, não deveria prevalecer em um blog tão interessante como este já demonstrou que é.

Um grande abraço

Anônimo disse...

ALÔ IBRAHIM!!
Bom dia!!!
Concordo com G.Vidal...acho que o debate ficaria mais rico se o intervalo entre os "post" fosse maior.
Pense nisso,meu caro!
Aquele abraço!

Anônimo disse...

Amigos,

bom dia. Antes de mais nada, quantos comentários excelentes e de altíssimo nível! Parabéns a todos.

Procurarei responder a todos os seus questionamentos neste comentário, por ordem de solicitação (de vocês):

Renato,

O Islã teve dois grandes momentos enquanto 'império', pode-se dizer: Al Andaluz, na Península Ibérica, que foi uma "conquista" muçulmana (digo entre aspas, porque foi uma expansão benigna, onde praticamente não houve derramamento de sangue); e o Império Turco-otomano, que são oriundos das estepes dos mongóis e, ao invadirem o Ocidente e Oriente Médio, se islamizaram. Ou seja, adotaram a religião dos vencidos, como muito bem nos falou nosso amigo Holofernes.

Sobre João Batista, realmente, ele é um profeta entre os muçulmanos, sim. O Islã considera todos os profetas judeus como seus profetas também. Sobre Maria, pouca gente sabe, mas quem iniciou o culto a Maria não foram os judeus, mas os muçulmanos. Maria (Mariam) é considerada a mãe de Jesus e uma profeta de altíssimo nível. Há um belo livro, em espanhol, do santo e sheikh da Ordem Halveti Jerrahi, Muzzafer Ozak, com o título "Mariam - La veneración a la Bendita Virgen María en en Islam". Observo a vocês que Maria não é venerada por muitos protestantes, que não aceitam sua virgindade. Mas católicos e muçulmanos não só acreditam, como a reverenciam.

Regina,

ótimos seus comentários, como sempre.

Nos videos postados, realmente não há mulheres envolvidas nos ritos. No Islã, em geral, funciona da seguinte maneira: mulheres e homens não oram juntos misturados. O motivo é simples: isso acontece para que as pessoas se concentrem em Deus, e não nos atrativos físicos mútuos. É por isso que a mulher não conduz a oração no Islã, quero dizer, que não exerce a função de um Imã. Como todos aqui devem saber, na oração islâmica, devem ser feitas prostrações, na qual a pessoa chega a encostar a testa no chão. Como vocês sabem, a mulher é muito mais magnética do que o homem. E, caso a mulher ficasse à frente do homem, no momento da prostração, ficaria mais exposta aos olhares masculinos, desviando o objetivo verdadeiro da oração, que é lembrar-se de Deus.

Quanto à segunda parte do questionamento, peço desculpas a você, Regina. Foi uma falha minha e poderia ter postado videos com mulheres fazendo zikr. Oportunamente, vou corrigir isso, pois voltaremos ao tema.

Sobre o velhinho do video, na verdade, ele está muito entusiasmado. 'Bebeu' o vinho do êxtase divino. A cerimônia do zikr é uma das coisas mais belas que alguém pode presenciar e participar em sua vida.

Tereza,

bom vê-la por aqui. Obrigado pela presença e os comentários.

O sufismo surgiu pouco depois do início do Islã, como forma de preservar a essência desta religião e o anseio daqueles que queriam, acima de tudo, dedicar-se a Deus. Havia um círculo de pessoas muito pobres junto ao profeta Muhamad (Maomé), que não faziam nada além de viverem para a adoração a Deus, que se vestiam de lã. O termo sufi vem daí, 'suf', lã. Há outras interpretações, mas esta é considerada fidedigna.

Retomando: o sufismo tornou-se o coração do Islã, um caminho de piedade e iluminação, mas nem sempre foi aceito pelos orgulhosos e pretensos doutores da religião. Isso é histórico, embora nunca tenha havido algo como Inquisição no Islã. O único homem assassinado no Islã por perseguição religiosa, foi o grande santo Al-Alaj.

O sufismo é aceito em muitos países muçulmanos e já chegou a ser praticado por 70% da população egípcia, por exemplo. Onde ele foi mais perseguido foi na Turquia -pelo governo pró-Ocidental e pró-americano de Ataturk- e na Arábia Saudita.

Existe sufismo em todo o mundo, e as tarikas (escolas) mais famosas são: Qadiri, Naqshabandi, Chazilia, Halveti, Halveti-Jerraji e Allawya, fundada pelo grande santo Sheikh Al-Allawi. Mesmo no Iraque, antes da invasão norte-americana, havia grande número de tarikas em funcionamento. Uma curiosidade: o país (ou povo, já que não tem autonomia) provavelmente que, hoje, tem a maior população sufi do mundo é a Chechênia. Inclusive, sabe-se que o indivíduo que precipitou este povo à guerra contra os russos é um traidor a soldo da Rússia, que não é checheno. O que está havendo hoje, na Chechênia, é um dos maiores genocídio do século 20. Mas a mídia atual se cala diante disso.

O sufismo, Tereza, é reprimido pelos poderosos e pelas elites corruptas dos países islâmicos, e por aqueles que temem a livre expressão do pensamento.

Vidal e Walid,

obrigado pelos comentários, como sempre.

Como vocês sabem, a estrutura de um blog é semelhante ao estilo literário de uma crônica. Deve(ria) ater-se a algo ligado ao presente. Simplesmente, segui a estrutura jornalística do meio. Faço aqui duas propostas:

1) Podemos deixar um post para cada dois dias;
2) Podemos colocar dois posts novos, mais curtos e de temas diferentes entre si, que ficarão disponíveis para os comentários de todos e trocas de informações.

O que acham?

Abraços fraternos a todos!

Anônimo disse...

No comentário anterior, me esqueci de citar uma das mais importantes tarikas, a dos Mevlev, dos dervixes giratórios seguidores de Rumi, autor da narrativa que deu origem a este post.

Dimitri disse...

Olá Jakob, gostei da parábola sufi. Parabens por divulgá-la! Você é um sufi?

Li alguns comentários e fiquei com uma dúvida. Você mencionou que os muçulmanos não acreditam que Jesus tenha sido gerado diretamente pelo poder de Deus. Posteriormente, você menciona o livro "Mariam - La veneración a la Bendita Virgen María en en Islam". Então, acho que pelo fato de a chamarem de Virgem Maria, os muçulmanos também acreditariam que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo. Poderia esclarecer?

Anônimo disse...

Olá, Mensageiro

fico contente em vê-lo aqui.

Já participei, sim, de uma tarika sufi, pois fui muçulmano (convertido). É importante lembrar que não existe sufismo não-islâmico. Quem tentou criar um sufismo não-islâmico foi Georges Ivanovitch Gurdjeff, que acreditava que era possível extrair "técnicas" de autoconhecimento do sufismo original e adaptá-las à sua própria metodologia. Ele pode até ter tentado algo, mas não é sufismo. Idem Inayat Kan, outro propalador de um sufismo sem-Islã. O sufismo nasce com o profeta Muhammad e consiste em uma cadeia que liga a todos, desde o Anjo Gabriel, profeta Adão (que é considerado um profeta também), chegando a Muhammad e, daí em diante, aos sheiks e santos que seguem os passos do profeta.

Sobre Jesus, é assim: o Islã considera Jesus um profeta, mas não Filho de Deus, nem Deus. Não existe o dogma da Santíssima Trindade no Islã, pois Deus é o Único. No entanto, Maria concebeu virgem, pela vontade de Deus, através de Seu Espírito Santo (que muitos identificam no islamismo com o Anjo Gabriel). Ou seja: Jesus foi concebido pela vontade de Deus, mas não é filho dEle, compreende?

Para os muçulmanos, Deus cria de acordo com a Sua vontade. Nada é necessário para Ele. Ele é O antes do antes e O depois do depois. Se quiser nos substituir por outra criação, Ele pode fazê-lo, à Sua vontade. Mas não o faz, porque nos criou como Seus representantes dentro dos reinos de Sua criação.

O que posso lhe dizer também, meu caro Mensageiro, é que o esoterismo islâmico é muito, mas muito parecido ao esoterismo cristão e hindu.

Abraço fraterno

Anônimo disse...

Oi de passagem apenas,...

Concordo com maior prazo dos posts.

Creio que até mais que dois dias, pois afinal de contas não temos pressa, o Vidal colocou algo cerca também, as vezes não sobra tempo para refletir o suficiente e iso empobrece o debate.

Jakob, sei que é uma fonte de preciosas informações, e existem muito temas ricos, prá quem já cansou do lenga-lenga Israel e palestinos.

Mas como os que estão aqui, estão interessados em aprender realmente e participar de uma forma interativa e dinamica, o tempo é determinante em enriquecer os debates.

Assim, não ficamos pressionados a responder de imediato, preocupados que o post, vai mudar. Muitas vezes o post anterior continua muito mais interessante que o atual, e assim ficamos debatendo ontem.

Está muito gostoso o convivio, e o debate...abraços a todos.

Anônimo disse...

Ok, Petrus

Estou de acordo com vocês e deixo claro que, antes de mais nada, estou aqui para servir.

Acho inclusive que este post deu margem para vários desdobramentos, como, por exemplo, para que tratemos com mais profundidade a respeito de sufismo e que falemos um pouco mais sobre a mulher no Islã.

A única coisa que me preocupa às vezes é a entrada de novos comentaristas, o que vem ocorrendo gradativamente, e que podem estar interessados numa troca mais rápida de temas. Mas também há outro fato: não temos porque nos prender à estrutura dos blogs como são hoje em dia. Nós mesmos podemos criar uma dinâmica própria. Que ela seja de acordo com o ritmo que nós achamos importante, então.

Um dos pontos que considero fundamental é que nada neste blog seja descartável e que sempre aporte algo de enriquecedor para os participantes. Informação por informação é como arroz branco ou açúcar branco: só incham quem se alimento deles ou dão um sabor artificial às coisas. Mas depois a saúde vem para 'cobrar' a conta.

Tenho visto aqui comentários muito bons e enriquecedores, de todos, sem exceção. Continuaremos neste passo e nos aprofundaremos nele.

Abraços fraternos

Anônimo disse...

Caro Jakob, é importante esta observação que vc colocou, não temos que seguir modelos, aqui podemos criar uma dinamica própria, de acordo com o desenvolvimento do debate, e da qualidade do tema.

Se forem poucos comentarios, tudo bem, apenas algumas pessoas dominam este conhecimento,fica aberto se alguem quer se aprofundar ou não,

Existe um outro fator, como vc participa tambem do debate, fica fácil vc dar um retoque, aqui, outro alí, e observar aprendendo junto com todos.

Uma outra coisa é que nem todos os post, as vezes interessam a todos, então não fica o opinar por opinar apenas.

Se não interessa a alguém, a pessoa está livre para participar ou não daquele tema, caso contrário caminhamos para aquilo que vc colocou, apenas incha, o que é diferente de alimentar.

Não me considero blogueiro, observei que na minha experiencia, em outro blog, que havia muito desperdicio de tempo escrevendo coisas que nada acrescentam, apenas para participar.

Se optar-mos pela qualidade, e não pela quantidade, esta será a dinamica deste perfil de participantes.

Quem preferir quantidade, tem uma enormidade de blogs para participar, este é um grão de areia da praia da virtualidade.



Um abraço fraterno a todos.

Anônimo disse...

Olá Ibrahim,
parabéns pelo espaço virtual.
O tema interessa pois o sagrado desde sempre inquietou o Homem, pois desde sua infância terrena buscou conhecer sua paternidade e dos porques de tudo que o rodeia.
Frizo, ao observar o mundo que vivemos, que nessa busca muitos se extraviaram e as consequências desses desvios estão expostas na nossa própria realidade, na dor e sofrimento de tantos, nas grandes tragédias feitas em nome do sagrado.
A parábola postada, fruto de uma mente imaginativa e com suas próprias razões para isto, nos faz refletir sobre o que ocorre com quem (ab)usa de um grande conhecimento ou de uma posição de mando sem o devido preparo e sem a necessária responsabilidade. Muitos homens nessa situacão em todo mundo colocam em marcha forças que depois não conseguem mais dominá-las e acabam sendo devorados ou pela história ou pelo monstro que ajudaram a criar.

Um fraternal abraço e felicidades no novo espaço.

Anônimo disse...

Outro aspecto Ibrahim,

como outros comentaristas penso que se postar menos e com mais tempo deixando o tema alguns dias pode ser mais interessante do ponto de vista do aprofundamento no intercâmbio das idéias e pensamentos. Mais qualidade e menos quantidade pode vir dessa ação.

Outra dica: que tal colocar a caixa do comentário no final da página? Ficará mais fácil de abordarmos as sequências dos comentários.
Viu no blog do Hernan Zin? A caixa é em baixo e tem a informação dos últimos comentários. Em todo caso não sei se é fácil alterar o lay out da página. Não entendo do assunto.
Aproveito para dizer a todos que, de minha parte, mesmo não tendo a frequência desejada, pois ainda não conquistei a amizade definitiva do "deus" Tempo, espero colaborar com a o espírito fraterno de pessoas que almejam algo em comum: liberdade para pensar e se expressar e que possamos aprender uns com os outros dentro dessa nova, fantástica e democrática experiência.
Um grande abraço a todos e ótima semana.

Anônimo disse...

Z.,

grato pelas palavras, comentários e sua amável e fraterna presença. A proposta é esta mesma, amigo. Criarmos um espaço de reflexão e aprofundamento sobre o mundo que nos cerca e sobre nós mesmos. A idéia é que possamos debater temas e crescer com eles.

Os posts terão mais intervalos, sim.

Abraço fraterno

Anônimo disse...

Gosto mais da idéia de um post cada dois dias em vez de dois post curtos por dia.

O velhinho sufi dançarino é mesmo uma figura. Animadíssimo!

Há tantas culturas variadas no mundo e aparecem os que acham que são os donos do planeta e saem arrasando com tudo.

Unknown disse...

Boa noite, galera !
Tenho disponivel pouco tempo, e num assunto como esse, valho-me de ler os posts e comentários. Nada sei sobre o sufismo, achei super interessante o que lí.
Concordo com aqueles que pedem mais tempo por post, vai dar para atualizar sem ter que corre...
Ando perdendo muito assunto legal.

Unknown disse...

" Eu disse CORRER..."

Anônimo disse...

Amigos, cansei do blog onde nós nos conhecemos, ou pelo menos grande parte...Ibrahim vou pedir um espaço aqui postar meu ultimo comentário lá, é um pouco grande mas é algo que trago no intuiuto de colaborar com este seu espaço no sentido de manter sempre asperspectiva de algo prazeiroso e instrutivo. Vejo neste caso um exemplo de como um espaço democrático pode se desviar e acabar sendo algo desrespeitoso , fruto da vaidade humana. O tema era sobre prostituição de mulheres iraquianas na Síria.

postado dia 29 de maio:

"Prezado Guterman e prezados colegas de espaço,

Apesar de comentar muito pouco este será, pelo menos por algum tempo, meu último comentário nesse blog.

Confesso que passou a vontade de escrever, de intercambiar idéias por esse meio, até por que observo que isso raramente ocorre, já que idéias entrincheiradas não se prestam a mudar de lado.

Mas valorizo que aprendi e aprendo com muitos daqui que têm verdadeira vontade de aprender e de sonhar com um futuro do que o que estamos vivendo hj.
Vamos lá sobre o tema postado:

O José Antônio, levanta uma questão interessante ao tentar separar o que leva uma mulher vender seu corpo.

O caso, pelo postado, é uma questão de sobrevivência física, fruto de uma situação de abandono total, causada por uma guerra baseada em mentiras, com repercussão no psicológico dessas mulheres. A diferença é que ocorreu de forma involuntária. Elas não escolheram ficar viúvas nem órfãs.

Lembro dos casos das "polacas" e imagino que também não foram por lascívia ou luxúria e sim por uma condição momentânea que essas mulheres de uma velha Europa que vieram pro Brasil, Rio principalmente, "fazer a vida".

Bem diferente da indústria do "pornô" americana, e digo americana por questão de poderio e origem, pela constatação de que nos EUA, em "Roliúde" é onde a coisa virou realmente um "business", e vejo também as conseqüências negativas que isso têm causado no seio da sociedade ocidental.

Esta situação degradante e humilhante, em ambos os casos, que já foi repetida milhões de vezes na história do mundo e continua sendo vivida, mostra o fracasso da cultura baseada na moral judaico-crista-musulmana e também oriental (já que é um problema mundial) em passar verdadeiros conceitos humanistas, pois sempre há um "consumidor" ,que bem podia ser um amigo como alguém disse anteriormente, que deixa de lado os verdadeiros valores como a solidariedade, a honradez, ou quando nem os têm, no caso de jovens que não aprenderem a refletir que essa situação depõe contra a dignidade própria e do outro.

Sensações e energias humanas que poderiam ser bem conduzidas e canalizadas, principalmente na fase de adolescentes, para um final feliz, são embaralhadas por essa cultura e "trabalhadas" pela grande mídia para seus lucros vendendo uma permissividade que nada têm de liberdade, aliás, muito pelo contrário.

E a coisa é complexa, pois nós mesmos, pais de família, podemos até, sem saber, alimentar essa situação, ao passarmos conceitos extraviados como os de cunho machistas, ou de um deus exclusivista.

Nessa roda, de mãos dadas por outros "ismos", fica girando a humanidade, cada vez mais tonta e sem saber pra onde ir. Como numa encruzilhada, os homens e mulheres que querem o melhor para o futuro, os quais me incluo e também a muitos desse espaço que aprendi a admirar, independente de qualquer origem.

O problema é que falta muito para nós chegarmos a esse futuro melhor, mais justo, mais humano, sem extremismos de toda ordem. Não sei como será esse caminho, pensei que um blog poderia pelo menos dar uma direção, um sinal, lógico não iremos resolver esses problemas da humanidade por esse meio.

Intuo, porém que pra se chegar lá temos quer ter valentia e coragem para mudar. Para aceitar que o outro também é filho de Deus e que pode me ensinar algo e eu a ele. E isso só se consegue, sentindo o outro (colocando o chinelo do outro, como uma vez falei pro Intrigado, a quem muito admiro) e sabendo observar e pensar o que levou a Deus fazer tanta diversidade.

Parece óbvio que esse futuro, pra ser melhor, não será fruto de nenhuma ideologia extremista, mas serão gerações que terão necessariamente de aprender a pensar por si sós, e mudar de valores, coisa muito difícil quando se é prisioneiro(a) de uma religião ou de um preconceito.

Permitam-me refletir algo mais dessa comunidade que é parte do mundo, pois também representa a humanidade, e é essa a realidade de muitos por aqui nesse blog que não se cansam de falar da mesma coisa, (PxI por ex.), ou que os árabes são isso e os judeus são aquilo, para mim perda de tempo.

Enquanto isso tem a valorização, de ideologias vazias que, travestidas de moral edificante, no fundo promovem o egoísmo e o separatismo, não enxergando ao outro como ser humano que todos são.

E assim, enquanto não se desenvolve uma outra cultura capaz de fazer uma limpeza mental, a verdadeira, pois limparia as mentes desses pensamentos ultrapassados e que desviam a humanidade de uma real evolução, vamos vendo o mundo ao sabor dessas idéias dissolventes, vindas de mentes imundas ávidas por grana a qualquer custo e com um gosto amargo na boca.

Cansei, quero algo mais prático, e desculpem o tom do desabafo, pra quem acompanhou até o final um até mais."

Anônimo disse...

Zied,

passei por aquele espaço hoje e vi o que foi postado por lá. Sem comentários de minha parte.

Como você sabe, nossa proposta aqui é outra: semear a cultura, a compreensão, a reflexão e o entendimento. Este é o nosso caminho e é por ele que iremos trilhar, sempre.

Abraço fraterno!

Anônimo disse...

Amigo IJ,

Além de um bom semeador de boas sementes, vc Ibrahim têm-se mostrado com um grande espírito conciliador.

Congratulo-me com vc. e vamos em frente.

abraços

Anônimo disse...

Amigos,

tem post novo. Para rir e pensar (ou para pensar e rir?)

Abraços fraternos

Anônimo disse...

Bom dia amigos..

Passei por aqui, e lí o post do Zied, e não posso deixar de parabaeniza-lo por tanta sabedoria expressa através de usas palavras.

Concordo 100%, e principalmente no não alinhamento com idéias extremistas de uma parte ou de outra.

Aliás me parece que a terceira via é a mais dificil e menos compreendida, mas com certeza é a que mais me indentifico.

O pensamento livre, é algo muito dificil num mundo dividido em antagonismo sem nexo.

Anônimo disse...

Quanto a Zied...quis dizer Z.

Anônimo disse...

Caro Petrus,

o caminho do meio, sem dúvida, é o do equilíbrio, mas, por favor, não fale em "terceira via" - que logo me vêm à cabeça os títeres Tony Blair e FHC. E, parafraseando o último (a propósito do próprio), "assim não dá"...

Zied,

impecável o seu post naquele espaço. Usando meu velho apelido (Eixo do Mal), também registrei meu protesto, em termos, confesso, bem mais duros e menos equilibrados do que os seus.

Um abraço!